SÓ QUERIA UM TÁXI!

Meu filho comia tranquilamente suas pipocas enquanto eu procurava por um táxi a fim de voltarmos para casa. Naquele horário era algo improvável de se conseguir, mas milagres acontecem, avistei um ainda parado no ponto. Rapidamente fui tomá-lo antes que outro passante o fizesse. Uma proeza!

Ao entrar o menino deixou pipocas derramarem no estofado, chamei sua atenção e mandei que recolhesse cada uma. Em seguida o fato se repetiu, perdi a paciência, tirei o pacote de suas mãos enquanto ditava ao motorista o endereço de destino. Ele imóvel me olhava pelo retrovisor com olhos esbugalhados. Pedi desculpas, as branquinhas não iriam rolar mais, podíamos ir embora. Ele então falou:

_ Senhora há um engano!

Respondi-lhe que não havia engano algum, o endereço estava certo, indicaria o caminho caso não soubesse.

Virou-se para trás e disse convicto:

_ Está aí o engano, este carro é particular!

Espantada ainda retruquei:

_ Moço, um carro branco parado num ponto de táxi, só pode ser um táxi!

Não era. Saí do automóvel com uma coloração rubra no rosto proporcional ao tamanho da mancada. Fui em direção à esquina procurar por um táxi verdadeiro, queria me afastar logo dali. Foi aí que um verdadeiro milagre também aconteceu, a raridade parou ao meu sinal.

Antes de entrar gritos me chamaram a atenção. Olhei para trás, vi o confundido taxista sair do seu carro particular e segurar uma moça agitada que apontava para mim. Percebi o que estava acontecendo, pensei em voltar lá e explicar o que houvera, não podia provocar uma separação, ou até um desquite.

Olhei novamente, ela estava enfurecida, desferia-lhe bolsadas e chutes, o coitado apanhando demais não dava conta de contê-la.

Hummm... Pensando bem, melhor seguir em frente. Vai que ela não acredita em mim também!