ADRENALINA   

Sexta feira passada 11/01/2013 eu tinha um grande e imperdível compromisso em Águas de São Pedro que fica a 30 km de Piracicaba, onde moro.
Meu mano caçula dono do Restaurante do Lago (entrada de Águas) é quem promove uma vez ao mês um baile em seu restaurante. E nesse dia foi a décima primeira edição do Baile da Garagem anos 60, 70 e 80. O baile foi marcado pelo reencontro de primos de toda a região do Brasil, inclusive tivemos como mimo a presença de uma prima, a Solange que mora em Nova York e que porventura aniversariava nessa data. A família Batista e Borges é muito grande, minha avó tivera quinze filhos e cada filho seu tivera entre três a dez filhos. Imagine a batelada de primos que só se viam pelo Face Book? Havia primas que eu não conhecia.
Sem meu carro que fora roubado em São Paulo, mais precisamente na Vila Madalena e até que eu compre outro tenho viajado de ônibus, taxi e carona dos manos que estão espalhados pela região.
O Baile iria iniciar-se as 21:00h e encerrar as 3:00h da manhã. E já eram 21:00h quando eu ligava solicitando taxi para a rodoviária de Pira e de lá sim, um ônibus para a entrada de Águas onde fica o Restaurante do Lago que é afamado em toda a região. Nem um ponto de taxi dos cinco pontos em que liguei atendia. Depois entendi que a maioria dos taxistas de Piracicaba são senhores idosos. Não iriam ficar em ponto a partir das 21:00h. Sou nova nesta cidade e aos poucos vou descobrindo os costumes dessa gente boa.
Abri a “NET” a consultar no Google taxi em Piracicaba. Ansiosa como uma boa ariana que sou, anotei o primeiro número que vi, e o mesmo era de Moto Taxi e não taxi. Fui atendida por uma moça e calculei inclusive que ela viria me apanhar. No desejo de sair antes que a maquiagem começasse a desintegrar pela decepção de não conseguir um taxi, fechei com a moça. Ela pedira R$ 6,00 para me conduzir até a rodoviária. Quando a moto aproximou-se percebi que se tratava de um rapaz, a moça era atendente da rede de Moto Taxi. Perguntei ao rapaz quanto ele me cobraria a mais para me levar ao Restaurante do Lago, e o mesmo calculou, calculou, calculou e disse:
- R$20,00. Fechei com ele que insistia em que eu deveria retornar ao condomínio onde moro para me agasalhar. Dizia ele que estava com três agasalhos e eu com uma blusa de mangas três quarto e ainda aberta de fora a fora. Como a foto acima que minha filha tirara pouco antes de eu sair. Ainda assim, insisti em ir com o traje aprontado, não estava disposta a voltar ao condomínio onde moro a busca de agasalhos.
Logo mais me acomodei no acento do carona e pedindo desculpas alcei meus dois braços em sua cintura. E lá fomos. Para além do frio o maior frio que eu sentia era na barriga, o rapaz corria sobremaneira e num tom de desafio gritava:
- estou correndo muito? Acrescentava:
- Qualquer coisa eu diminuo. Ao que eu respondia também aos gritos.
- Pisa nessa moto seu frouxo, e gritava: Uhuuuuu! Queria eu, mostrar coragem, mas na verdade estava morrendo de medo e de frio. Em um dado momento o rapaz me disse meio que aos gritos:
-Se estiver com muito frio podemos parar num canto aí, e bebermos uma pinga. Nossa, fiquei sem fala. Ainda assim respondi que tinha um litro de Campary me esperando no baile e que já estávamos chegando. Não contente ele volveu a mão para trás e acariciou minha perna sob uma grossa calça em lycra. Percebi então, que ao abraçá-lo pela cintura já estava agarrada a ele a me proteger do frio, e meus seios ainda abolados roçavam suas costas. Afastei-me um pouco e senti que me calando estaria consentido. Então resolvi exercer um pastorado em sua cabecinha. Queria eu, mudar a ideia que ele estava fazendo de mim. Falei em seu ouvido em tom audível.
- Não estou com frio não meu filho. Mas diminua a velocidade, eu estava brincando com você. Acrescentei a seguinte pergunta:
Você ora a Deus ao sair de moto? Ele dissera que por vezes. Então eu lhe disse:
-Sabe meu filho, andar de moto é muito perigoso, você deverá dizer ao sair de casa:
- “ Deus comigo, Deus por mim e Deus em mim”. Daí com certeza você estará sob as asas do Senhor Jesus e Ele lhe dará todo o livramento.
E quem duvida que Deus é poderoso, leitor?
Calados e dentro do respeito, continuamos até a chegada.
Que alívio, chegamos inteiros. E como recepcionista estava meu sobrinho que logo de cara cumprimentara o rapaz, os mesmos se conheciam. O garoto tirou o capacete e pude ver que se tratava de um bonito rapaz, o que não mudaria jamais o meu comportamento. Não nasci para ser papa anjo. Na minha mocidade o mais novo namorado que tive foi meu marido sendo nove anos mais velho do que eu.
Logo mais a alguns passos à frente pude abraçar a autoridade máxima da cidade, ou seja, meu outro mano, prefeito reeleito de Águas de São Pedro. Em seguida as confabulações com primas, manos e amigos. Dancei toda a noite bebericando meu Campary.Curti muito aquela noite sob o sarro dos irmãos quando lhes expus sobre a fatídica viagem. Foi um bububu só no salão, e eu apimentava. Porém todos sabiam que sou como Coca Cola, só faço pressão.
Dia seguinte ao chegar em casa narrei a minha filha a sinistra viagem, a qual dizia:
-Mamãe, você queria o quê? Agarrada ao moço, roçando o peito nele! Ora, exclamou:
-Para tanto há uma alça no banco atrás do carona onde ele segura durante a viagem. Fiquei surpresa ao saber sobre a tal alça. Entendi que não fora pelos meus olhos verdes que o rapaz se interessava e sim pelo quanto o provoquei ingenuamente, confesso.
Lúcia Borges
Enviado por Lúcia Borges em 15/01/2013
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T4086316
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