SER CONTAINER
Queria para si a felicidade que todos viam em seu sorriso...
Queria a paz que todos sentiam quando ela estava por perto...
Queria sentir-se plena, como um personagem de comercial...
E no meio de todo esse querer, era só mais um ser só...
O cotidiano era a sua surpresa mais inesperada.
Os minutos passavam rápido, com tanto nada a se fazer...
Contentava-se a varrer a soleira da porta...
Tirar o cabelo dos olhos e limpar o suor com as costas das mãos...
O silêncio interior era a sua canção...
Viver um caos exterior, a sua vocação...
Era uma brisa leve com a força de um furacão...
Por onde passou, tudo mudou...
Amadureceu, apodreceu, germinou, estragou, floresceu...
E tudo parecia igual, mas nada estava em seu lugar...
E em seu silêncio nem alegre, nem triste, mudou tudo de lugar...
Criou, reciclou, com coisas de um passado recriando o futuro...
E do futuro, olhou-se no presente catando os cacos e jogando tudo...
Enfim, em seu interior silêncio e vazio...
Agora um container e não só um ser só...