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Ontem já não me sentia tão mal como nos últimos dias, então resolvi celebrar a vida! Adivinha quem foi a primeira pessoa que me veio à mente? Dalila. 

Liguei para a minha amiga Eliane, sua filha e logo me informei sobre a 
programação de Dalila e tentei me inserir nela. Cumpri todas as obrigações familiares e fomos encontrar com Dalila que estava esperando Reinaldo cantar. 

Dalila é celebridade onde chega. Como boa celebridade ela é saudada pelas outras celebridades presentes e por uma infinidade de outros fãs anônimos... 

Assim que cheguei, Dalila me relatou o de sempre: o cantor já tinha ido 
cumprimentá-la assim que chegou e logo depois voltaria para fazer seu show. 

Eram mais ou menos 19:00h e eu já mais morta do que viva me posicionei em pé atrás da mesa dela e fiquei observando.
 
Quando Reinaldo começou a cantar, Dalila se levantou e eu a perdi de vista. Deduzi que tivesse ido ao banheiro. Como o tempo foi passando e nada de Dalila voltar, dei uma olhada em volta e avistei–a em pé, do lado do Reinaldo, se sacudindo e obviamente, cantando tudo junto com ele.

Eu cansada imaginei que não deveria me sentar um pouquinho no lugar dela, porque certamente ela já voltaria para se sentar e ficaria constrangida em me pedir o lugar. Preferi tentar me agüentar em pé mesmo. 

Surpresa! Ela permaneceu cantando e  dançando durante o show inteiro. Só não me arrependi de não ter sentado, porque  achei uma delícia contemplar de pé a vitalidade dela. Na sua mesa tinham outras três senhoras aparentando terem mais idade do que ela que não se levantaram e, assim que Reinaldo acabou de cantar anunciaram que iriam para casa... 

Dalila “inteiraça” anunciou que já estava na hora sim, mas de ir para o Pagode da Tia Doca! E fomos nós atrás de Dalila...

A essa altura, eu já cambaleante, já não passava tão bem... Fui andando na frente e tive que parar mil vezes, porque Dalila era saudada por crianças, adultos e idosos. 

Lembro-me que já era assim quando Tia Doca ainda era viva. Minha impressão é que Dalila talvez fosse cumprimentada do que ela... De qualquer forma, Dalila amava Doca e se referia a ela como uma pessoa da sua família. Doca era aproximadamente 15 anos mais nova, mas Dalila a tratava com o maior respeito e até certa reverência, na minha impressão. 

Essa reverência eu vi ontem ser manifestada à Dalila. Muitos cumprimentos, cuidados e várias pessoas pedindo para tirarem fotos com ela. Dalila muito simpática, posava para todas sem aparentar cansaço ou enfado.

Fiquei olhando aquilo e confesso que invejei aquele pessoal das fotos. Decidi também pagar o mico de tirar foto com Dalila. Pedi e ela prontamente sorriu para o celular do Beto.

Dalila me perguntou se eu ia embora e eu respondi que claro que não ia, pois meu sonho era sair dali bem tarde, já que Beto não precisaria acordar cedo no dia seguinte.

Qual o que, na verdade, a  essa altura eu já não agüentava mais. Passei mal de tanto calor, pois a arquitetura do lugar e o acúmulo de pessoas não ajudavam.

Tentei pegar um ar quase na entrada e voltei. Passei mal de novo. 

Enfim, tive que “dar o braço a torcer” e anunciei que precisava ir embora. 
Despedi-me de Dalila, que ficou, é claro, acompanhada das duas filhas, aparentando estar ainda muito bem disposta.

Saí de lá pensando que tinha perdido a batalha, mas não a guerra, pois se Dalila, que tem o dobro da minha idade, do alto dos seus 85 anos, tinha vencido todas as dificuldades de uma vida e tinha conseguido, porque eu não? 

Sei que muitas pessoas se inspiram nela, pois ela é verdadeiramente um exemplo de garra, superação e modo de viver, mas decidi registrar meu singelo depoimento sobre ontem e agradecer por mais essa lição que recebi da minha musa inspiradora, Dalila.
Rio de Janeiro,11 de janeiro de 2010.