Natal? de quem?


Seja Jesus Pisciano ou Capricorniano, não importa. O importante é que a celebração do seu nascimento é um “mix”  de renas, trenós, velho com barbas brancas, chocalho, óculos e bigodes cantando “Jingle Bell” , shoppings abarrotados, crianças dando “piti”, madames nervosas e apressadas, maridos comprando bebidas, caixas extenuadas, velhos cansados.
Meia noite, 24 de dezembro: lauta ceia para os gordos ficarem obesos e os famintos passarem mais uma noite sem  café , leite e pão. Nas igrejas, cânticos,  mãos ao alto, gritos, e gente caindo ao chão; comunhão, eucaristia; manifestações mediúnicas, passes. Batuque, danças africanas;  louvação, gritos, imposição de mãos, “desaloja”  “sai diabo!”,  bateria, guitarra e orações. Preconceitos: fulano não entra; aquele nem pensar.  Bêbados drogados, armados, esperam algo. Crianças contentes, outras chorando copiosamente; casais brigando, xingando, vizinhos com som estridente, bombas espoucando, carros buzinando, povo enlouquecido. Até o amigo é “secreto” ou “Oculto”. Uma baderna total,  No dia seguinte: Epocler, brinquedos destruídos,  pia  abarrotada de pratos, vasilhas sujas e formigas; casais brigando (de novo) garrafas quebradas, enxaquecas, dores nas colunas, casa suja, filas para o banheiro, vômitos, diarréia. Faxineira folgando. Um caos.  Compadeço-me do aniversariante... nem lembraram dele no sedento, no faminto, no presidiário, no sem teto e sem agasalho,  no doente hospitalizado, ou seja, Nele mesmo como ele mesmo disse. " Toda vez que..."

(busquem o Evangelho) para ler o capítulo e versículo.

Sepulcros caiados...


Que nossa estrela brilhe ao lado Dele, todos os dias. Porque Ele está sempre ao lado de quem o acolhe, sem pedir um real.



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 “Quem eram os Reis Magos? Eram astrólogos vindos provavelmente da Babilônia. Naquele tempo astronomia e astrologia caminhavam juntas. Certo dia, estes sábios descobriram uma estranha conjunção de Júpiter com Saturno que os aproximou de tal forma que pareciam uma única grande estrela, na constelação de Peixes. Desde o tempo de Kepler (+1630) os cálculos astronômicos mostraram efetivamente que no ano 6 antes de Cristo (data do nascimento de Cristo pelo calendário corrigido) ocorreu tal conjunção. Para os sábios, este fato possuía grande significação.
Júpiter, na leitura astronômica da época, era o símbolo do Senhor do mundo. Saturno era a estrela do povo judeu. E a constelação de Peixes era o sinal do fim dos tempos. Os sábios babilônicos assim interpretaram: no povo judeu (Saturno) nascerá o Senhor do mundo (Júpiter) sinalizando o fim dos tempos (Peixes). Então se puseram a caminho para prestar-lhe homenagem. Sempre houve na história dos povos, pessoas simples ou sábios que se puseram a caminho em busca de salvação, quer dizer, de uma totalidade integradora. Deus foi a seu encontro nos seus modos de ser e de pensar. 
Mas por que foram encontrar Jesus? Porque, segundo a compreensão dos cristãos, Jesus é um princípio de ordem e de criação de uma grande síntese humana, divina e cósmica. Quando dão o título de Cristo a Jesus querem expressar esta convicção. [...]Os evangelistas usaram o fenômeno astronômico para apresentar Jesus como aquele Senhor do Universo que vem sob a forma de uma criança para unificar tudo. Essa Energia é divina mas não exclusiva. Ela se expressa sob muitas formas históricas. Em Jesus, o Cristo, ganhou uma concretização que mobilizou outras culturas com seus sábios vindos do Oriente.
Todos os caminhos levam a Deus e Deus visita os seus em suas próprias histórias. Todos estão em busca daquela Energia que se esconde no significado da palavra Cristo. Esse encontro com a Estrela produz hoje, como produziu ontem, alegria e sentimento de integração. Haverá sempre uma Estrela no caminho de quem busca. Importa, pois, buscar com a mente sempre desperta aos sinais como os reis magos.”


por: Leonardo Boff