MÃOS DADAS

MÃOS DADAS

(Crônica de Carlos Freitas)

Alguém, confidenciou-me sobre um desejo. Algo puro e afetuoso: o de querer andar de mãos dadas com aquele que seria o homem dos seus sonhos. O cara que a fará ouvir sinos, na mais intima das horas. A ele quer se entregar, dar e receber amor autêntico, do mais puro quilate. Em alguns países africanos, o Marrocos é um deles, os homens que cultivam grande amizade entre si, andam de mãos dadas em locais públicos. Fiquei pensativo, confabulando com meus botões – Por que, o andar de mãos dadas seria tão importante para ela? Implicitamente, o estar de mãos dadas nos induz a inúmeras possibilidades. Pode denotar insegurança, ciúmes, prazer, exibição, aproximação, carência, afeição, carinho e amor verdadeiro.

Não poder.... por Insegurança. Faço uma regressão no tempo. Vejo-me agarrado na mão de minha saudosa mãe. Minha mão envolvida na dela, era tudo que eu precisava, para sentir-me seguro. Mãos dadas por sentimentos de ciúmes, expressam desejos de posse, zelo extremado, ou, receio em perder o outro. Enganosos subterfúgios! O prazer de um casal em andar de mãos dadas, fortifica o elo de sentimentos mais íntimos. Se ainda não é amor, Eros está a lapidá-lo - é uma positiva e atraente cumplicidade. Podemos encarar mãos dadas como atos de exibição. Ostentados por pessoas exóticas, sexos diferentes ou iguais, que dessa forma atraem para si, os focos das luzes dos spots do exagero. Dois é mais forte que um! Mera e banal exposição.

Assim, podemos captar também nesse ato, uma maneira verdadeira de aproximação do outro, com o qual estamos envolvidos por um sentimento crescente. O dar as mãos funciona como um condutor de energias ramificadas, de diálogo, que atinge em cheio as frenéticas pulsações do coração. O passear de mãos dadas provoca esse sentimento. Ainda que se assemelhe a um ato insignificante, induz a algo profundo, que consegue eliminar no outro - carências afetivas mal resolvidas. Palavras não resolvem... Basta o linguajar do toque das mãos.

Quando olhamos com os olhos da afeição – vislumbramos um casal, recém amigos, cujos olhares se cruzaram, sentiram o pulsar de sentimentos desconhecidos, e como que se dotadas de imã fossem, suas mãos se procuraram. Imperceptíveis ondas emocionais fortalecia um invisível, mas perceptível elo. O andar de mãos dadas, pode explicitar simplesmente e, sem envolvimentos amorosos, uma profunda demonstração de carinho. - Se ambos optaram por essa forma para demonstrá-lo ao outro... Quem poderá censurá-los?

Enfim, finalizo minhas elucubrações exteriorizando meu ponto de vista, sobre o sentimento que imagino sentir, essa pessoa que me inspirou nessa crônica: Esse ato seria para ela a suprema conquista e realização da sua vida. Uma projeção futura e consciente de estar caminhando segura, sem medo, de mãos dadas para uma inexorável, mas equilibrada, terna e sadia velhice. Se precisar de um ombro amigo, também nas horas de dor, sabe que ele ali estará. Os céticos podem vê-lo como um ato banal, sem mérito, corriqueiro ou mesmo fugaz, efêmero, todavia, tudo o que ela deseja para realizar seus sonhos, é ter esse alguém que compartilhe da sua felicidade, do seu carinho, do seu amor, do seu envolvimento, da sua alegria e do seu prazer em viver a vida com intensidade e plenitude. E, é com essa alma gêmea, que ela quer para coroar todo esse enredo de paixão... Andar de mãos dadas! Vejo esse anseio como um indelével romantismo, que realizado, dará paz para o seu corpo, alma e coração.

Carlos Freitas
Enviado por Carlos Freitas em 29/11/2012
Reeditado em 20/04/2018
Código do texto: T4011143
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