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Vista aérea do Estádio do Maracanã, RJ. Aqui, a suntuosidade faraônica; lá fora, apesar do Fome Zero, a miséria de milhões de brasielros.



A CBF, ROMÁRIO E A QUEDA DE MANO MENESES
 

      Até molecote e um pouco mais, entrado na idade, eu era roxo por futebol. Ia a qualquer pelada, mesmo as que não eram disputadas pelo Vovô, do bairro de Porangabuçu. Quem é cearense, por força de ter sempre cheios os ouvidos, sabe a que time o quase alvinegro puro, aqui, se refere. Falo do Ceará Sporting Clube, «o mais querido», evidente que nesta terra de «Iracema, a virgem dos lábios de mel».
 
      Pois, lá fora, sem mais aquele fanatismo besta do passado e hoje sem pisar mais em campo de futebol, sou da Fiel, em Sampa, Fogão, no Rio, Inter, em Porto Alegre, Náutico, no Recife, e Atlético, nas Minas Gerais. E só.
 
      Um dia, bateu-me interesse por outras atrações, inclusive por política de esquerda; então, deixei de frequentar as arquibancadas do Estádio Presidente Vargas, o velho PV, de guerra, na Capital cearense. E o último embate a que assisti, num domingo, já lá distante, foi justo um «clássico-rei», entre Vovô e Fortaleza.
 
      Nesse jogo, que se perdeu no tempo, literalmente, após tomar um gol, a torcida do Fortaleza arrancou as traves do lado da torcida do Ceará. Aí, até hoje, nunca mais meus pés viram um estádio de futebol, nem o moderno Castelão, que não vim a esta vida para ver «torcidas organizadas», ou marginais encamisados, a fomentar a violência.
 
      E onde que, no bafafá desta crônica, entra o Romário, atual deputado federal? Ele entra, justamente, na «queda do Mano Meneses». Useiro e vezeiro em não pagar suas contas de pensões alimentícias, Romário deitava e rolava, na imprensa, a pedir a demissão do técnico da Seleção Brasileira. E, via politicalha entre grandes clubes do eixo do Sudeste e da Política, propriamente dita, com P maiúsculo, «o baixinho», urubu de carteirinha, conseguiu o seu intento. Mano Meneses está fora da Seleção, após levantar um título contra a Argentina, a mais ferrenha adversária do Brasil.
 
      Como faria melhor o velho ídolo de chuteiras da Gávea, que ainda esteve no Vasco, se também se incomodasse em ser bom pagador das pensões alimentícias e tivesse tido menos envolvimentos com carrões importados, marias-chuteiras e noitadas cariocas! Como conveniente seria que Sua Excelência, na Rocinha e no Parlamento, com sua bombástica oratória de boteco, defendesse um comportamento pacifista dos parceiros urubus, que andam sempre se digladiando, até entre si.
 
      Recentemente, como deu na mídia inteira, a polícia carioca fez uma limpa, na torcida urubu, prendendo nada menos que oito dos seus integrantes, inclusive um membro da Diretoria. Segundo a polícia, todos envolvidos com a posse de armas, munições e drogas, além de, tempos atrás, haverem feito o linchamento de um torcedor vascaíno. Saiu tudo na TV, eu vi. Nada contra o Flamengo, que é uma das mais importantes agremiações esportivas nacionais, não obstante venha seu nome lá dos flamingos, estes uns que foram um dos invasores deste País, à época do Brasil Colonial.
 
      Estando a Seleção Brasileira, lá na rabada, meio de fogo morto, no ‘ranking’ mundial da FIFA, mas também e, sobretudo, por politicagem, a CBF precisava encontrar logo um bode expiatório. E achou fácil. Só que a CBF ainda não passou por uma assepsia completa, após aquela entediante eternidade de João Havelange e o ex-genro, Ricardo Teixeira, no bem-bom do poder do futebol brasileiro, com denúncias de patifaria até no cenário internacional. A entidade esteve sempre e continua com seus cartolas, imbuída da politiquice interna e subserviente aos pitacos e orquestração da imprensa global. Assim, achou por bem fazer a degola do técnico, um ex-treinador corintiano.
 
      Num balanço geral do tirocínio do degolado, nem se vê um descalabro na balança dos placares. Os números são razoáveis e até bons. A Seleção, ao todo dos jogos disputados, venceu em trinta e sete partidas, saiu com sete derrotas e obteve seis empates. Estatisticamente um bom resultado, você há de convir. Contudo, como defendiam a Globo e a imprensa tupiniquim, Mano apresentava morosidade, em seus nhe-nhe-nhens, e testava atletas demais, além de ter perdido em partidas superimportantes.
 
      Agora se esboça nova expectativa da torcida brasileira: quem substituirá o Mano, na Seleção? Não tenho candidato. Que venha de lá quem for o melhor. Mas, me deixem em paz os adeptos do Felipão, que acho um tipo meio «grosso». Dizem que o laureado sairá de um destes três: Luiz Felipe, Muricy e Tite. Que se escolha o melhor, mas admito mais a influência do dedo da politicalha, com o urubu Romário fazendo gol de letra na escolha do próximo treinador da Seleção.
Fort., 24/11/2012.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 24/11/2012
Reeditado em 24/11/2012
Código do texto: T4002703
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