Amar- suposições




http://youtu.be/1QTgqPBXil8-  
Perfume de gardência.

 
            Soube por uma dileta amiga que quando duas pessoas começam um namoro,  neste ponto do início elas começam a se distanciar. Quer dizer: o amor chega e já vai se retirando.
            Por que acontece tanto isso no chamado amor? Por que tanto desencontro? Por que tanto sofrimento, quando o que se quer é alegria, felicidade a dois.
            Assim como o conflito humano é real na humanidade, me parece que não poderia ser diferente no tão almejado e festejado encontro amoroso.  Não poderia ser diferente porque queremos sempre decisões urgentes, exigimos muito do parceiro e o amor que deveria ser prazeroso, gostoso, cheio de romantismo e paz torna-se um inferno, um conflito permanente.   
            Assim como viver é uma arte difícil, o amor entre duas pessoas é algo dificílimo em razão de nossas carências, dúvidas, medos, e acabamos por jogar toda nossa ansiedade em cima do namorado ou namorada.
            De outras vezes,  procurei falar dessas carências humanas que atrapalham o relacionamento humano. Mas hoje quero olhar para um detalhe importante: a questão do decidir, cuja palavra, na sua origem quer dizer cindir, cortar. Pelo significado da palavra,  com certeza o leitor ou leitora já deve ter percebido a dificuldade de se tomar decisão. Decidir importa num corte de uma gama grande de escolhas. E ao se decidir por um caminho, cortamos as possibilidades dos outros caminhos, o que nos vai, mais adiante, criar um sentimento de arrependimento pela tomada de decisão. Isso é que nos assusta e nos dá medo. Quem pensa que decidir é fácil, engana-se. O difícil é se manter equilibrado dentro do conflito e vivenciar essa dor existencial, para que haja uma decisão amadurecida.
            Vejo, na minha experiência de vida, que o amor se torna feio justamente quando uma das partes exige uma decisão, exige pressa do amado ou amada, impacienta-se com as vacilações, os medos e até as verdades que o parceiro lhe transmite.
            Não basta gostar, amar. Isso todo mundo sabe,  sem precisar aprender, o que poucos sabem é saber amar. Saber amar é para poucos, infelizmente.
            Quantos estão perdendo seus amores por essa pressa, por essa ansiedade, quando poderiam segurar pra sempre  sua parceira, dançando um bolero, rosto e corpo colados e, amando bonito, com compreensão, sentindo na boca da amada o seu perfume de gardênia, como na música cantada por Bienvenido Granda, que faz parte desta crônica.
            A geração daquela época, acredito, sabia amar gostoso e melhor...
 
Gdantas