Paulista enfeitada para o Natal!

Caminho com um rumo! Preciso aguardá-la!

Meu semblante demonstra cansaço!

As pessoas passam sorrindo, não se vêem! Muitos gritos que não posso ouvir. Esses risos que não tenho!

Queria atravessar a rua! Todos os sinais estão vermelhos pra mim!

Fico na angustia da minha saudade! Penso em fumar! Mas eu nem fumo!!!

O mundo é muito lento agora, compro um cigarro e atravesso!

Do outro lado o caminho se estende. Muito frio naquela noite de dezembro. 19. 13cº.

Mas a hora ainda não chegou! Preciso aguardá-la! Preciso me querer!

Procuro um bar. Só que eu não bebo! Pergunto a um bom velinho com seu chapéu frouxo: Triste noticia: Preciso voltar para o outro lado.

Sento paciente na calçada. A fumaça do cigarro invade meu peito e me sinto um bobo.

São minutos sem o verde aparecer. Buzinas, buzinas! Buzinas que soam como dragões. A Paulista enfeitada para o natal

Luzes, luzes! Todas as cores. Eu aproveito pra pensar em mim! Esse seria meu minuto mais importante! Constante!

Na minha nova hora, um ônibus fecha a rua! Minha passagem é obstruída pelo gigante fumegante. Seus faróis me incomodam. Impertinência!

Preciso beber. Tomar uma! Viajo na minha mente, maliciosa e humilde. Ingênua!

O tempo se estende e após dias de luta encontro minha casa, o Bar. Mas pedir o que?

Peço um Dreher. Queima estomago e sinto até os meus pés se aquecerem. Seco o copo e peço outra e tudo vai ficando engraçado, exceto a pena que sinto de mim.

Agora já sou, além de um bobo, um ridículo. Quero uma cerveja para congelar meu coração infiel. Amor desgraçado, paixão sacana, ‘Tzão’ filho da puta!

Nego minhas palavras e amaldiçôo aquele meu minuto. Agora quem sorri sou eu! Puto.

Meu pensamento soletrando poemas infantis. Amo o jeito de amar o seu amor pelo meu! Amo-me! Mas que porra é essa???!!

Quero uma caneta e um papel pra contar umas verdades pra mim: -seu feio, seu lindo, se acho, seu chato, pato, cheio de graça. Desgraça!

Ah, tenho a caneta, falta apenas o papel. Riscarei o comprovante que o moço me deu! Droga! Perdi o comprovante! Vejo o CORTIÇO no fundo da minha mochila. Uma bagunça igual o mundo de fora. Não tenho coragem de rasurá-lo.

As pessoas continuam a passar. Tantas pessoas que me querem, tantas que quero. Onde estão?

Vejo duas mulheres se beijando... poderia fazer também, bastava querer, mas nem quero!

Vejo um casal brigando... Grito alto: -Façam amor... Transem, transem e não desperdicem o tempo brigando... Amem-se... Amor... Sexo... O fim está próximo... Agora sou profeta!

Levo um soco e caio pensando em como revidar...

Uma macumba, talvez!... Sou Macumbeiro...

Irei por seis velas pretas e um bode cego. Mas que droga! Acho que perdi um dente. Alguém me ajuda a levantar.

Digo: ele nem sabe bater... Darei a outra face - Sou Jesus!

Concerto-me e sigo meu caminho... Talvez se eu for ao mercado eu posso comprar um caderno...

Escolho um barato... E distraído saio sem pagar... Sou ladrão!

Escrevo essas coisas numa página que deixaram em branco! Olha, no meu caderno até página em branco tem. Acho que eles sabiam que eu iria precisar.

Escrevo essas coisas e acendo outro cigarro... e eu nem sabia que era escritor, fumante, alcoólatra, macumbeiro, profeta! Talvez, se me dessem uns cálculos, seria matemático, se eu examinasse o cão que acaba de ser atropelado, seria biólogo, médico ou melhor, veterinário. Sou astrólogo e astrônomo, mas no meu céu só há nuvens escuras e derretidas. Não há astro. Sou um cuzão.

Nada é doce, nem o algodão.

Tenho que bater em alguém... Alguém passa triste e pergunto: ta chorando bundão?! E soco ele.

Corro como o cara que sou: ladrão. Infrator e velocista.

Minha liberdade é alta... Meu preço é baixo... Estou na cota de 50 cents. Esse é o valor da minha mente caseira. Preço com imposto. Desgosto.

Alguns nomes passam: Maria, Priscila, Sandra, Bruna, Mateus e Martins, vaca, Cavalo, futebol..Gol do Camaçari!

Retruco-me: - o que você fez hoje que o deixou assim, meu jovem?

Sou grosso comigo mesmo: - Não te importa!

Ele me diz: - Não queira jogar meu corpo na frente do metro e sujar a via com seu sangue roxo!

Preciso encontrar...

Espero, espero, espero. ! Sento ao chão! Espero.

Lembro: ela não mora aqui!

...e continuo a esperar, e nem sei o quê...

Samuel Souza
Enviado por Samuel Souza em 25/10/2012
Reeditado em 17/12/2013
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