Primavera

Tenho duas árvores no meu jardim. Elas são irmãs, pois têm a mesma idade e são da mesma família.

Durante o inverno, elas se tornam tristes e feias, sem folhas, exibindo seus galhos mirrados e pontiagudos. Mas, na primavera, começa a transformação: seus galhos adquirem força, cobrem-se de folhas. Elas ficam lindas! É aí que se tornam o abrigo, o lar, a fonte de alimentos e, por que não dizer, o lugar de lazer de muitas espécies animais. Já presenciei cenas interessantíssimas! Agora mesmo ouvi o rumor das pombas que se acasalam freneticamente em seus galhos. Na semana passada, foi a batalha entre passarinhos e um sagui que tentava se apoderar de uma banana que ponho no galho da árvore para quem quiser dela se servir. Adivinhem... o sagui perdeu e disparou em debandada para outras plagas. Há, também, um esquilo ou dois que sempre visitam minhas árvores. Eles ficam ali, quietinhos, comendo sementes que buscam em palmeiras próximas. São muito lindos, mas enlouquecem minha cachorra, que fica literalmente "esquilofrênica". E os pica-paus? Eles são um caso a parte:põem-se a golpear os troncos mais apetitosos em busca de um petisco crocante. Como já disse meu filho, eles executam uma sinfonia em código morse. Ótimos! Ah, já ia me esquecendo das corujas. Passam horas encarapitadas em um dos galhos mais altos, bem juntinhas, olhando atentamente para tudo e para todos. Foi num fim de tarde que as divisei ali, sentadinhas, me olhando fixamente. Como a claridade não era das melhores e meus olhos já não têm mais vinte anos, não soube identificar prontamente que aves, ou bichos eram aqueles. Mas os "chifrinhos" no alto da cabeça e a atenção com que me observavam, foram suficientes para sua identificação.

Muitas coisas acontecem em minhas árvores. É um mundo novo para ser admirado por horas. Vale muito a pena observar a natureza circundante. Coisas maravilhosas aparecerão aos olhos dos que souberem parar para apreciar.