DESCULPE, MICARLA

Fui um dos milhares de eleitores que fez você ganhar o cargo de Prefeita de Natal em 1º turno. Víamos você com uma juventude determinada a enfrentar os ícones da política tradicional. Fiquei orgulhoso da sua vitória, a resistência aos poderes constituídos, como a Prefeitura, a Governadoria, a Presidência da República. Não fui para as ruas festejar, mas por dentro meu coração pulsava com júbilo, afinal eu morava em uma capital inteligente, corajosa e não subserviente, que teve o vigor de dizer não ao prefeito, a governadora, ao presidente; dizer que queríamos aquela jovem sem experiência para ser a nossa prefeita. Mas aí está o nosso erro enquanto sociedade: tivemos o direito de exercer a nossa liberdade e colocar na prefeitura alguém sem a experiência pública administrativa, sem os maneirismos político-partidários, mas não tivemos a responsabilidade de acompanhar os seus atos, criticar e sugerir; afinal ela nunca impediu nosso direito de se organizar e opinar, e entre nós existe muita gente com bastante experiência em todas as áreas. Os erros cometidos por você já deviam ser previstos por nós, e como sociedade inteligente, corajosa e não subserviente, não usamos nossa inteligência para prevenir o fracasso que hoje se observa, coragem para exigir dos outros poderes os recursos que precisávamos, não subserviência para defender nossa cidade e nossa prefeita em qualquer instância da República. Era como se tivéssemos que pajear uma criança bem intencionada num castelo de cristais... a deixamos sozinha, as coisas caíram, quebraram, e os cacos cortam a carne...

Agora a sociedade inteligente, corajosa, não subserviente ficamos à distância vendo o debater da borboleta, o seu sangrar por dentro e por fora e fazemos de conta que não temos nada a ver com isso, pelo contrário, pegamos pedras e ajudamos ainda mais a aumentar os cacos dos erros cometidos.

É nesse ponto que me recuso a jogar pedras e faço essa reflexão, a mea culpa... e peço licença para ser porta voz do grupo inteligente, corajoso e não subserviente, majoritário de ontem: desculpe, Micarla, por termos lhe colocado num ponto acima de sua experiência sem o respaldo de nossas inteligências e ações; desculpe por sermos tão perversos, de lhe ferir com tantas pedras pelos erros cometidos como se nós jamais tivéssemos errado; e desculpe pela lentidão deste articulista que escreve num momento tardio, onde os erros já foram cometidos e as feridas já estão abertas... serve para exemplificar que estamos sempre cometendo erros. Finalmente, quero lhe parabenizar por você não ter quebrado o vaso mais reluzente, atrativo e valioso do castelo de cristal: “ter metido a mão” no dinheiro público, e só por isso não me arrependo do meu voto!

Sióstio de Lapa
Enviado por Sióstio de Lapa em 01/10/2012
Código do texto: T3910954
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