A amante de dom Pedro II
Na época do Brasil império era comum que os monarcas tivessem uma amante – ou várias – mas Luísa Margarida Portugal e Barros viveu uma história especial. Ela ficou 34 anos ininterruptos com o imperador do Brasil dom Pedro II e conseguiu despertar a paixão que ele não sentia nem mesmo pela própria esposa, Teresa Cristina de Bourbon.
Educada e elegante, Luísa tinha uma beleza rara: era magra, vestia-se a moda francesa. A imperatriz, por sua vez, era uma mulher pouco atraente, além de ser levemente claudicante (manca) e 4 anos mais velha que o imperador.
O casamento malsucedido de dom Pedro II contribuiu para que ele se apaixonasse por Luisa.
No século 19, os casamentos eram arranjados, regra a que o imperador não fugiu. A ele foi enviada a pintura de uma morena belíssima em frente a uma paisagem na cidade de Nápoles, na Itália. Ele gostou e aceitou se casar com a moça. Contudo, quando ela chegou, o imperador teve um ataque de choro ao ver uma mulher bem diferente da do retrato. Apesar destes percalços iniciais, o casamento duraria 46 anos.
D. Pedro teria cogitado em pedir a anulação do matrimônio por conta de seus minguados atributos físicos: era baixa, manca e feia. Alguns cronistas relatam que o casamento só teria se consumado um ano depois
Ao contrário do que se apregoa, dom Pedro II não era como o avô, dom João, que corria atrás de qualquer mulher e chegou a ter 50 filhos bastardos. O príncipe, que precocemente virou rei, era tímido. Quando conheceu Luísa, sua vida mudou. Ele passa a ter informações sobre arte, livros, teatro e cultura; Luisa o mantinha informado de tudo que ocorria na Europa.
Luísa também era casada. Ela se casou com o visconde de Barral na França, onde ela vivia desde muito jovem, porque foi enviada pelos pais para estudar. Tinha o título de Condessa de Barral.
No círculo familiar e no palácio a relação dela com o dom Pedro II era conhecida. O romance veio a público no final do século 19, durante a campanha republicana. Começaram a aparecer notícias picantes, charges. Vários republicanos, que eram autores de peças teatrais, começaram a apresentar peças sobre o triângulo amoroso.
D. Pedro II sentia-se atraído por tipos parecidos com o de sua madrasta D. Amélia, ou seja, mulheres intelectualizadas, diferentes de sua esposa, D. Teresa Cristina. Assim ele conheceu a jovem e bela Luísa Margarida de Barros Portugal, amiga e dama de companhia de D. Francisca de Bragança, a princesa de Joinville, irmã de D. Pedro II.
Luisa Margarida passou a residir em uma casa alugada, uma vez que, por ter uma família, não poderia se contentar com um apartamento no Palácio de São Cristóvão; assim tratou logo de estabelecer sua autoridade no palácio, um local em que o poder era muito disputado, e por isso causou a fúria de muitos dos funcionários mais interesseiros.
Era dotada de personalidade exuberante, ar assertivo, inteligência e, ao mesmo tempo, contraditória mentalidade católica, além de beleza física. Possuía cultura sólida e amiga de intelectuais e celebridades da época, como Franz Liszt e o conde de Gobineau. A condessa servia de intermediária entre o imperador e muitos intelectuais.
Com sua fina educação francesa, Luisa Margarida Portugal e Barros, espantava-se com as maneiras toscas de dom Pedro II. Ele tinha as unhas sujas, comia com a faca e cultivava o desagradável hábito de bater nas costas dos interlocutores.
Ela achava que a figura simplória do imperador, sempre com o mesmo jaquetão preto, representava mal o Brasil.
Luisa Margarida, assim, tornou-se amante do imperador, que lhe devotava intensa paixão. Imediatamente criou-se um conflito entre a imperatriz D. Teresa Cristina e ela.
O imperador escreveu uma linda poesia a ela, dizendo que nada iria separá-los. Ele costumava colher flores e deixar na porta do quarto dela. Era um homem apaixonado.
D. Pedro II manteve romances também com outras mulheres, como a condessa de Villeneuve, a madame de La Tour e Eponina Otaviano. As duas primeiras eram amigas pessoais de Luisa e foram apresentadas ao imperador como forma de "entreterem" o amante.
Luisa Margarida faleceu poucos meses antes do imperador.
Ela foi a grande paixão do imperador dom Pedro II.