O reencontro

E no fundo eu sabia que ficaria nervosa pois sabia que o veria e não sabia como reagir, se falava com ele ou esperava ele vir. E aquele frio na barriga ao saber que a qualquer momento ele poderia dar um "oi" que me faria congelar, faria minha boca secar e ainda ficar vermelha. Engraçado como mesmo depois de um tempo que o conheço ainda fico vermelha de reencontrá-lo.

E o tal momento chegou e eu o vi mas não tive coragem de falar com ele, parecia que não nos víamos há meses e foram somente alguns dias. A principio trocamos olhares e cada um ficou na sua apesar da minha vontade de ir ao encontro dele ser grande faltou-me coragem. Pensei que talvez nos dias que se seguissem pudesse mudar algo e assim foi durante a semana, ele veio conversar e eu juro que não sabia o que falar, ria por dentro de nervosa que estava, tremia e torcia para que ele não percebesse que eu estava fora de mim. E não tinha jeito ficava vermelha, não sei se ele percebeu mas eu ficava, e meus pés travavam tanto que quase não conseguiam sair do lugar, era como se algo me segurasse ali. Cheguei a desejar que começasse a chover ali mesmo naquele salão para pelo menos disfarçar a vontade que tinha de pular no colo dele.

Todos os dias em que o via e cada vez que ia embora eu tinha a impressão que eu havia esquecido algo, chegava no carro e olhava na bolsa se estava tudo lá e até em mim eu olhava para ver se não tinha nada faltando. Até eu me tocar que o que eu havia esquecido era coragem e faltavam palavras pois tinha tanto a dizer e não conseguia devido ao meu estado nervoso.

No caminho de casa eu ficava meio triste pois sabia que iria acabar, e que talvez não o visse mais, cheguei a pensar em nem aparecer nos outros dias mas não queria desistir de ir por causa dele, até porque o que me motivava um pouco aliás bastante era o fato de saber que ele iria. E só o fato de poder vê-lo já me fazia ganhar o dia, pois não sabia quando, e se o veria novamente então, resolvi aproveitar.

No penúltimo dia em que o vi cheguei a virar a cara para ele pois sabia que dele eu não teria nada mais além da troca de olhares, uma conversa e um beijo no rosto, foi uma maneira de me torturar mesmo para não sofrer mais depois, principalmente porque sabia que o último dia seria o pior.

Então o último dia chegou e foi bom, aliás, torturante, definitivamente eu gosto de sofrer mas valeu cada segundo em que pude ao menos olhar nos olhos dele e imaginar tudo que ele estava pensando, e imaginar que era exatamente o que eu também pensava.

Apesar da angústia que passei esses dias foi bom pois pude provar para mim mesma que o mundo dá voltas e querendo ou não aquilo que vai um dia volta não como a gente queria mas volta.

Flavia Dias
Enviado por Flavia Dias em 02/09/2012
Reeditado em 02/09/2012
Código do texto: T3861889
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.