Mais uma vez



Mais uma vez é 30 de agosto em nossas vidas. Quantos são os seus agostos? Estou sem vontade de fazer contas, acredito que meus agostos sejam 62. É um bocado de agosto às vésperas de somar 63 setembros. Em agosto daquele ano aquela senhora, para seu desgosto, estava grávida. No início da primeira semana de setembro para muitos futuros desgostos eu nasci. Nos dias que antecedem a data de meu aparecimento no planeta terra sempre me vejo assim numa espécie de depressão. E acredite em mim quando digo que não é por causa da idade, mas pelo conjunto da obra, e pelo conjunto da obra a estatueta de pior roteiro adaptado é minha.

Mais uma vez meu encontro casual com amigos rende um papo com você. Eu tinha encontro marcado com o dentista ontem as zonzehoras. Na padaria encontrei amigos tomando café da manhã e naturalmente participei do regalo, eu gosto de café de padaria, você sabe. E foi neste regalo de encontro que rolou o papo do sabonete cabeludo, dos votos de mil e quarenta páginas dos ministros lá no supremo, dos carros de som berrando nomes de candidatos as eleições de outubro, do desemprego na Europa, da mulher que sozinha bebia suco de laranjas olhava para o book e sorria, e alguém lembrou que eu sou virginiano de setembro.

Aí os “rapazes” deram de falar sobre festas de aniversários, cada um tinha um caso para contar sobre coisas estranhas e engraçadas acontecidas em festas de aniversários, deles mesmo ou de outras pessoas. E como reza a tradição, uma coisa puxa outra coisa que puxa mais uma coisa e alguém resolveu levar a conversa para o lado mais pessoal. Ele perguntou o que cada um de nós pensava a respeito da nossa vida. Eu não pude ficar para ouvir o relato das vidas dos amigos e nem relatar o que penso da minha vida, eu tinha dentista marcado.

Voltei para casa coloquei roupa de ir a dentista e fuio. A atendente disse que ligou para mim, para o telefone de casa e para meu celular para avisar que a consulta havia sido transferida para outro dia. Eu não estava em casa para atender telefone, meu celular estava mas ele não atende telefone. O dentista está com uma virose. Eu não sei...
As duas netinhas da minha querida prima foram diagnosticadas assim, virose. As meninas estavam com pneumonia. Felizmente elas estão bem, não graças ao imbecil que diagnosticou.

Estou na fase depressiva do ano, mas logo passa. Todo ano nessa época é assim, já estou acostumado, e é assim que expurgo meus fantasmas, lembrando e xingando as pessoas responsáveis pela destruição do meu roteiro de vida. As duas senhoras que foram os vírus a minar a saúde da minha existência. Não escreverei os palavrões com os quais lhes rendo merecida homenagem para não ser obrigado a colocar bolinha vermelha no texto.

Mais uma vez vem setembro, logo virá a primavera. Voltarei ao jardim com a certeza que devo chorar, mas não me queixarei às rosas, pois afinal as rosas não falam, apenas exalam o perfume que roubaram de Anita. Obrigado Cartola, pelo conjunto da sua obra.


 
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 30/08/2012
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