“REGINA IN COELI ASSUNTA...ORA PRO NOBIS”

“REGINA IN COELI ASSUNTA...ORA PRO NOBIS”

Muitos podem até estranhar, mas o tempo de internato foi uma das épocas mais felizes de minha vida. A única coisa que me deixava contrariado, nesse tempo, era a hora em que deixava minha casa, aos domingos, para retornar ao colégio, após a folga semanal. Não era fácil deixar o convívio da família. Ainda mais a minha, que naquele dia se reunia em torno da “mamma”, para o almoço domingueiro, e a tradicional “giornata musicale”. Nesse momento, a alma da família gritava mais alto, relembrando as canções napolitanas de Gino Becchi, Beniamino Gigli, Tito Schippa, …“vieni c’è una strada del bosco…”, “…mamma son tanto felice, per che ritorno da te…”, ...”cuore en cuore per telefono con te...”. Como era difícil...!

Somado a esse sacrifício, ainda tinha de enfrentar, já no colégio, a reza de domingo à tarde, com a Consagração ao Senhor, as orações latinas (ladainhas) ......”turris eburnea...ora pro nobis”...”regina pecatorum...ora pro nobis” ...”consolatrix aflitorum...ora pro nobis” ...”auxilium christianorum...ora pro nobis” “sursum corda...ora pro nobis” e o turíbulo impregnando o ar com o incenso, acompanhando o hino...”tantum ergo sacramentum, veneremus cernui, et antiquum documentum, novo cedat ritui...”. Muito triste!

No outro dia, era, realmente, um outro dia. Já estava novo! Às cinco e trinta em pé, banho frio, missa e café da manhã. Para abreviar, o dia seguia com recreios, sala de estudo, aulas, refeições, recreio, estudo, aulas, para as 16:30h iniciarmos os treinos da equipe de futebol do colégio. Treinávamos todos os dias. Aos sábados, enfrentávamos clubes de fora. Dificilmente, o Arquidiocesano perdia. Sempre fui um líder da equipe. O Baltazar, o Cabecinha de Ouro!

Com relação às refeições, eu não era muito fã da comida. Enfrentava um arroz com feijão, às vezes uma carne, purê de batata, salada, e a sobremesa, uma fruta ou um doce. Como tínhamos a mercearia em Santo André, minha mãe, ah Dona Adelina!, enchia uma sacola, ou mala mesmo, com tudo o que se tratava em matéria de guloseima, chocolates, doces, balas, latas de conservas, tanto doce como salgada, para suprir o que eu deixava de comer nas refeições.

No refeitório, as mesas eram para oito pessoas, e, após escolhidos os membros, de modo aleatório, a composição das mesmas permanecia pelo resto do ano.

Quando um deles aniversariava, todos os componentes vinham com terno azul marinho e gravata borboleta. Então, era permitida a compra de pizza, da Padaria SP, ali do lado, e, excepcionalmente, um copinho de cerveja. Sem exageros. Após, o bolo não sem antes cantarmos o Parabéns a Você.

Na parte cultural, a cada quinze dias havia sessão de cinema, com filmes não muito atuais, e com grande censura, é claro. Também, havia o coral, um espetáculo, treinado pelo Irmão Ático Rubini, e nas festividades do colégio, apresentávamos um show. Intensamente aplaudido!

Nem preciso falar da qualidade de ensino dos maristas, além do rigor disciplinar que mantinham. Sem a pretensão em me ver um homem culto, posso, sem medo de errar, afirmar que tenho uma visão geral de conhecimento de bom nível, devendo isso, à base adquirida durante os oito anos de educação, na escola dos discípulos do Padre Marcelino Champagnat. Educação francesa.

Não é à toa a fama deles de ótimos educadores no mundo inteiro.

Com todo merecimento!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 30/08/2012
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