As aparências enganam

As aparências só enganam a quem tem pressa.

Uma pessoa pode parecer tola e vazia, até que transborde diante dos seus olhos. E outra, tão grandiosa, consegue descer abaixo da linha da pobreza emocional, com falta de humanidade, também diante dos seus olhos.

É preciso coragem, tempo e total falta de comprometimento com a pressa para que se possa conhecer o outro.

Quem tem pressa deduz, não dedilha.

Quem tem pressa se prende apenas às qualidades, sem nunca alongar o olhar até os defeitos. Esses, quando finalmente ganham luz, são usados como alegação para se sentir enganado. Acontece que sempre estiveram ali.

Quem tem pressa não cria espaço, não dá condições para que o outro se apresente como realmente é.

Quem tem pressa envolve o outro em uma rede de expectativas que, não sendo correspondidas, geram frustrações e cobranças sufocantes, intermináveis.

Já quem não tem pressa, dificilmente se decepciona, pois observa, aprecia e vai, no precioso exercício da convivência, adquirindo segurança, deixando o outro tomar forma e acabando por aprender a aceitar, com alegria, a individualidade e suas particularidades.

São os pequenos passos, os pequenos gestos e a soma dos afetos despertados durante esse conhecimento que tornam as relações saudáveis, verdadeiras e duradouras.