Mãe e filho adolescente

Não vou negar que uma decepção com meu filho foi o motivo para eu começar a escrever este texto. Sou demasiadamente emotiva. Mas sei que muitas mães irão concordar com o que vou dizer.

Pra começo de conversa, que tal lembrarmos que também somos filhas? E que ao passarmos pela adolescência deixamos marcas em nossos pais?

Lembro muito bem que, dos três irmãos, eu era a mais cabeça dura. Era quem questionava as coisas, desafiava mesmo. Era como se o mundo girasse ao meu redor. Ouvi isso de meu pai um dia. Marcou muito. E sei que muitas vezes os magoei, mesmo não sendo aquela a minha intenção.

Eu queria mais do mundo, das pessoas, de mim mesma. A rebeldia fazia parte de uma geração espontânea e desafiadora dos ditames sociais. Nos rebelávamos com o que julgávamos injusto. Agora os jovens se rebelam contra o professor que não aceita cópia do Google.

De que geração nossos filhos fazem parte? Costumo brincar que a geração “Cara Pintada” deu lugar à dos “Bois Mansos”. Ninguém se preocupa com ninguém. A grande maioria alienada, buscando apenas um pouco de satisfação pessoal. E as quadradas somos nós. Todos os dias eles acordam, visitam suas redes sociais, vão à escola, visitam suas redes sociais, voltam da escola, visitam suas redes sociais e ficam “conectados” até o corpo quase pedir socorro. Não sabem quase nada de política, economia ou do que acontece no mundo, mas citam em pormenores os números dos seguidores do twitter de qualquer famoso. E até o que eles comeram durante o dia ou quantas vezes foram ao banheiro devido a uma intoxicação alimentar.

Hoje, quando alguém diz que seu filho é rebelde, provavelmente está se referindo ao fato dele não querer tomar banho ou sair da frente do computador para jantar. Ou porque ele se recusa a participar de qualquer evento ou conversa familiar. Isso é rebeldia? Na minha época, isso tinha outro nome...

Somos mães de uma geração despreocupada. Fomos educadas para cuidar de nossos pais, mas de antemão sabemos que eles não cuidarão de nós. Oferecemos tudo o que podemos e em troca recebemos cobranças. E somos culpadas, ao lado dos pais. Mas esta é uma conversa para outra crônica.

Importa saber que não seremos as últimas mães e reclamarem “que a geração de hoje está muito difícil de se lidar”... Parece até que já ouvi isso... Claro! Ouvi mesmo, de minha mãe!

Acho que mudam as circunstâncias, mas no fundo, mãe sofre sempre de um jeito parecido.