ALAMEDAS DO PASSADO

ALAMEDAS DO PASSADO

Há alguns anos, escrevi no O Companheirinho do Rotary Clube de Santo André, uma crônica com esse mesmo título.

Em minhas caminhadas matinais, um dos lugares que frequentei foi o Primeiro de Maio F. C., como todos sabem, um recanto bem agradável, encravado no centro da cidade. Serpenteadas por alamedas, as árvores e jardins ali existentes, formam um ambiente de grande beleza, tornando-se um verdadeiro pulmão verde que, gratuitamente, distribui o precioso oxigênio, numa área caracterizada pela frieza das torres de concreto, levantadas na área de entorno. É o preço do progresso. Abençoado Primeiro de Maio, que além de fornecer o vital oxigênio à minha casa, ainda me concede o privilégio de uma paisagem muito bonita, e da felicidade de conviver com o alegre cantar dos sabiás e bem-te-vis que habitam suas árvores. E, como se isso tudo não bastasse, ele foi, durante bom tempo, o quintal onde meus filhos passaram grande parte da infância.

Fazendo parte dessa pintura, os bancos de concreto fincados nos canteiros, beirando as alamedas, cada um representava, para mim, a página de um livro de recordações, ao trazer em seus encostos, o nome do estabelecimento doador. Assim, ao ver escrito “Joalheria Zucchi, jóias e relógios”, veio à minha memória o primeiro relógio de pulso que comprei, um Enicar indicado pelo Seu Glauco, o proprietário da loja, saudoso amigo; “Credi-Serra, vestindo os elegantes de Santo André” vi o Seu Américo Serra, eternamente elegante, como que desfilando na passarela da Oliveira Lima. Pai de grandes amigos, o saudoso Zeca e o Paulinho; “Fábrica de Guarda-chuvas Santo André” lembrei-me do Roque Isoppo, no portão da fábrica, na Oliveira Lima; “J. Andrade e Filhos – materiais elétricos e ferragens”, na General Glicério com Bernardino de Campos; “Casa Ardile Bachi”, na Fernando Prestes, bem perto do Largo da Estátua, do bom Raul; “Restaurante Napolitano”, do italiano Mário, lá na Alfredo Flaquer, onde todo sábado saboreava sua famosa pizza; “Tapeçaria São Carlos”, do Carlos Achui, que nos alegrava, quando trazia os estofados reformados, a pedido de minha mãe.

Havia alguns outros, porém, esses citados foram especiais em minha infância e juventude.

A lembrança desses estabelecimentos, essas recordações, a cada volta da caminhada completada, na passagem pelos bancos, sinceramente, serviam para repor, com mais facilidade, as energias despendidas ao praticar o exercício. Bom para a vista, bom para a memória, bom para a saúde!

Estou sabendo que os bancos já não mais existem. Pena!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 04/08/2012
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