O DNA DA POESIA


A poesia tem um quê de curioso e outros
de inexplicáveis. Por algumas vezes, poetas me criticaram
por quebrar o verso. Dizem que isso é inadmissível.

Aí e curioso com o assunto, fui reler alguns poemas
dos mestres que admiro tanto: Drummond, Mário,
Casimiro e Pessoa. Na verdade encontrei em alguns
dos seus poemas, versos quebrados, alguns surrados,
moribundos de tanto apanhar. Mário, por exemplo,
por esse mesmo motivo deixou escrito:
 "Todos estes que aí estão
                             Atravancando o meu caminho,
                             Eles passarão.
                             Eu passarinho"! Mário Quintana -

Mas, por que no texto deles, fica bonito e no meu não.
Será porque não sou conhecido?

Será isso?

De hoje em diante e depois do que li, farei minha poesia
Do jeito que sempre fiz. Longe das vistas dos críticos.
A minha poesia é livre! Livre de regras, a não ser aquela
ue o meu prórprio sentimento determina.

Imagino quantas críticas não receberiam Mário, com seu jeito
maluco beleza de ser. Drummond, falando de bundas e outros
maravilhosos poetas, se escrevessem seus textos, no tempo dos também maravilhosos, Olavo Bilac, José de Alencar e alguns outros, daquela época.

A propósito,

PARA AQUELES


Para aqueles que me olham
Torto achincalhando a forma
Do meu escrever... Não vão
Pensando que eu seja tolo
Algum tipo de pateta
Sou poeta!




Mesmo sendo isso uma crônica e não uma poesia, como forma de protesto, as frases foram propositadamente quebradas.


 
 COMENTANDO O TEXTO
 KATHLEEN LESSA

Atendendo à sua divulgação e convite cá estou, Paulo. Li atentamente
seu texto e poema. Pondero sobre seus argumentos: ao poema de versos
LIVRES nada é cobrado. Nem métrica, forma ou rima. Cobra-se,
evidentemente, que haja uma escrita condizente com a língua padrão.
Não confundir NEOLOGISMOS com ERROS. Drummond, Quintana, Pessoa,
Ferreira Gullar, etc têm, majoritariamente, versos LIVRES, ou seja:
desvinculados de normas. OK. Serve para autores consagrados e autores
desconhecidos. O problema, caro Paulo, é quando um autor resolve que
quer escrever TROVA, SONETO, POETRIX, HAIKAI, INDRISO e não quer
obedecer as normas! Aí não dá, né? Cada um dos mencionados - como
ainda outros - têm normas que DEVEM SER APRENDIDAS E SEGUIDAS.
Quem não quer segui-las, que nomeie suas produções literárias
simplesmente de POEMAS.__ Beijos, Kathleen
 

RESPONDENDO AO COMENTÁRIO
PAULO CÉSAR COELHO
 
Obrigado Cara Kathleen, pela leitura e comentários. A respeito, dos descumprimentos das formas, possibilidades literárias e poéticas a que se referiu, sempre fui e sempre serei a favor de que se cumpram as normas dos seus idealizadores, uma vez que, seria um desrespeito aos autores que às introduziram. Fazer um (Poetrix) com quatro versos, por exemplo, como estou cansado de ler, é como ir para avenida em pleno carnaval sambar de terno e gravata. A não ser é claro, que o sujeito esteja se fantasiando de algum político... Rsrs. Mas, de qualquer forma, uma informalidade dentro do próprio contexto (carnaval).
 
Penso que se ao fazer sonetos que eles sigam ao menos os (4-4-3-3) ou (4-4-4-2), enfim, Se vamos fazer uma pirâmide que a façamos com pedras se vamos fazer uma casa que a façamos com tijolos. Mas, na verdade o que quis pautar no texto, (Quebrando regras), Foi que autores, poetas consagrados e os nem tanto, ficam por vezes, e de certa forma, Querendo impor a sua própria forma de escrita, catequizando os demais poetas, para que sigam as formas que para eles, sejam as únicas corretas.

Falo isso, porque noutro dia recebi de um poeta amigo, a seguinte crítica. Seus versos são muito bonitos, mas, por favor, complete a frase em cada verso. Os “Cascas grossas” da poesia, jamais darão crédito a um poema de versos quebrados. Sinceramente, que me desculpem os “Cascas Grossas”, mas, continuarei quebrando os meus versos, sempre que achar que essa quebra dê uma diagramação mais harmoniosa ao texto e consequentemente valorize à poesia.
 
Por outro lado, acredito que, se formos seguir ao pé da letra a forma consagrada de alguma coisa, corremos o risco, de atravancarmos o futuro e a própria evolução
da humanidade.
 
Abraço sempre, Kathleen. Saiba que acompanho e admiro muito o seu trabalho.

Desde já, como forma de ampliarmos a discussão que ao meu ponto de vista, sempre saudável, peço permissão para editar a sua ponderação e a minha resposta. Pois, penso que, são das discussões, que surgem as melhores ideias.
 


E você, o que pensa?
 
Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 09/07/2012
Reeditado em 08/05/2017
Código do texto: T3768114
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