TEMPO BOM!

TEMPO BOM!

No começo dos anos 60, ainda preocupado com os vestibulares de medicina, pouca folga tinha eu para as atividades normais de um rapaz . Morava em uma república de estudantes, futuros médicos, bem perto do Arquidiocesano. Meus pais já haviam voltado a morar em Santo André.

Assim, nos fins de semana, estava eu aqui. Já frequentava o bar Quitandinha, reduto dos simpatizantes do Panelinha, clube do coração. Entre estes, alguns formaram um grupo, o Pinica’s, que promovia festinhas, participava de outras, geralmente em casas de garotas conhecidas.

Eu não fazia parte desse grupo, todavia, em algumas reuniões estive presente.

Numa delas, realizada na casa de uma garota de São Caetano do Sul, participei.

Foi num domingo. Por volta do meio-dia, chegamos à casa, num bairro central da cidade. Casa bonita, inclusive com piscina, e um churrasco em andamento. Os primeiros momentos, ainda não inteiramente ambientados, pois a família anfitriã ali se encontrava, a coisa corria normalmente. Mais tarde um pouco, e já com umas caipirinhas na cabeça, começaram algumas brincadeiras de joga-joga na piscina. E de roupa e tudo!

Entre nós, estava o Paulo Roberto Oliva, o maior bagunceiro que conheci. Além de criativo, era muito engraçado. Se fosse eu contar as diabruras que ele fez em sua vida, daria bem um livro! E, lá estava ele aprontado mais das suas.

Em dado momento, ele desapareceu! Onde está o Paulo? Ninguém sabia responder!

E, nós lá na piscina, ora pulando, ora saindo da água, uma carnezinha daqui, um chopinho dali, e a festa correndo solta. É preciso informar, que a casa era assobradada, havendo uma escada lateral, externa, que vinha acabar, ou começar, bem defronte à piscina.

Eis que, em determinado momento, surge o Paulo Roberto, no alto da escada, todo garboso, de terno, gravata, sapato, inteirinho vestido socialmente.

- Meu terno! Gritou o dono da casa. A gargalhada foi geral! Mas, o pior estava por acontecer!

Já na beira da piscina, começou nosso amigo a correr em volta da mesma, com a cara mais deslavada possível, ameaçando se jogar! E, em dado instante, não deu outra, atirou-se, levando, ainda, um copo de chope na mão, cheio, sem derramar uma gota!

Aí a bagunça foi geral! Saindo da água, abraçou o anfitrião, e, juntos, voltaram a se jogar!

Assim era esse nosso amigo. Divertido como ninguém! Faleceu há uns três anos, antes de completar 70 anos.

Esse deixou muita saudade! Tempo bom!

Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 16/05/2012
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