Cada qual pensa como quer.

Fiquei pensando como somos diferentes na maneira de pensar, ver e querer as coisas, cada um dá um sentido para determinado desejo de ter ou não ter algo. Essa reflexão toda se deu quando eu estava em frente a sapateira olhando para os calçados alí organizados e tentando decidir qual calçar para ir ao niver da Dandara. Peguei uma sapatilha linda, coloquei nos pés e senti que me incomodava e que se insistisse em ir com ela ficaria com calos, tirei imediatamente, na verdade a comprei porque a achei linda, quando a vi na vitrine do shopping, foi como se ela falasse comigo e me dissesse me leve pra casa, mais eu bem sabia que gastaria aquele dinheirinho a toa, pois jamais ficaria muito tempo com os pés fechados numa sapatilha.Porém não resiste e a trouxe para casa. Mas agora me questiono: será que foi besteira me presentear com algo que jamais calçarei? Encontrei um conforto para ação impessada de comprar algo que não usaria. Daria a sapatilha a alguém que precissasse, faria isso no futuro bem próximo.

Retornei ao que fazia, peguei uma sandália plataforma, essa sim, me dava a sensação de pés ao ar livre e ainda me deixava alta e elegante, como é gostoso um salto confortavel, penssei: dinheiro bem aplicado foi esse, pois essa plataforma sim, eu a usarei sempre, até que ela me deixe na mão, ou seja ficarei triste quando ela estiver velha e gasta, pois amo estar calçada nela.

Parei em frente a sapateira e fiquei novamente refletindo quantos calçados e tenho apenas dois pés, tia Florinda me diria que dinheirão a toa voçê gasta com sapatos minha filha, precisa economizar para o futuro. Tia florinda é assim não gasta seu dinheiro com nada, tudo que vê ela diz: é superfluo, não presta eu não vou comprar. Mais se voçê disser que vai dar a ela, a coisa imediatamente se transforma numa coisa essencial e útil, e ela logo diz: eu estava precisando demais disso como foi que adivinhou minha filha? É incrivel como algo só presta se ela não tiver que comprar.

Lembrei também de minha colega a Marcia que se visse a minha sapateira teria uma crise de inveja e logo me encheria de palavras ruins de ouvir como essas: Nossa como voçê tem mal gosto, são horríveis esses sapatos,ganhei uns iguais e joguei todos fora pois não os suportei dentro de minha casa.

Mais uma coisa eu tinha certeza, quem ia gostar de entrar no meu quarto e ver a minha sapateira era a Glorinha, essa sim ficaria horas calçando, olhando e elogiando cada um, sei até como ela falaria, pois Glorinha vive na maior dureza, tadinha, não tem muita frescura, tudo é lindo e nada se perde, ela gritaria: Nossa, quantos calçados lindos, meu Deus, quando eu puder vou comprar uns iguaizinhos, posso experimentar? Vou contar para as meninas lá no morro que voçê tem muitos sapatos lindos e elas não vão acreditar que alguém tem mais de um calçado em casa só para uma pessoa.Quando eu puder também vou tirar essa chinela e me encher de calçados lindos.Posso tirar uma foto?

Depois de tanto pensar eu resolvi pegar umas sacolas e colocar todos os calçados que já não tinham tanta utilidade, inclusive a sapatilha, coloquei tudo dentro das sacolas e fui fazer uma entrega a domicíio, não na casa da tia Florinda, que podia comprar mais a avareza não deixava, mais sim, lá no morro onde as meninas queriam mais não podiam como a Glorinha que desejava mais estava impossibilitada, pois a situação financeira estava ruim.

Carmem Lacerda
Enviado por Carmem Lacerda em 15/04/2012
Reeditado em 15/04/2012
Código do texto: T3614903