Abandono
No banco da praça a beira da fonte das águas que jorram uma ilusão quase adulta, ela, a menina que não é mais donzela, ou a donzela que não é mais menina, espera pelo rapaz bem apessoado que conheceu a meses atrás.Impaciente esfrega as mãos, ajeita novamente os cabelos e repete baixinho como uma reza, a notícia que precisa com urgência contar a ele, um segredo entre os dois que agora cresce somente para ela e porque não dizer dentro dela...Uma hora de atraso e as lágrimas começam a rolar, um tique na perna esquerda a faz levantar-se e tenta caminhar um pouco, até que sem ser vista ouve uma conversa, dizendo que o rapaz a quem esperava acaba de pegar o trem para bem longe e não pretende mais voltar aquela cidadezinha.Vira-se para a fonte e molha sua mãozinha trêmula e branca, muito branca por sinal e sai...Caminha até a estação e chora desesperada, segura por um poste que nesse momento a auxilia como se fosse um amigo,e, fica ali estática sem saber o que fazer ou a que rumo tomar e bem lenta, quase congelada deixa seu corpinho franzino cair e senta-se no chão, amassando o seu vestido novo de tafetá a sua esperança e qualquer outra razão que a mande voltar para casa.
ValquiriaCordeiro