OS AMANTES DA BABILÔNIA - (MITOLOGIA GREGA)

OS AMANTES DA BABILÔNIA

(Crônica de Carlos Freitas)

Muito antes do avassalador e trágico amor de Romeu e Julieta - os amantes de Verona, ele, da poderosa família dos Montecchios, e ela da não menos poderosa família dos Capuletos, inimigos mortais - numa tragédia escrita por Willian Shakespeare (1591/95), a Mitologia Grega nos conta um outro trágico romance - o de Píramo e Tisbe, os mais belos e apaixonados jovens amantes da Babilônia, onde reinava Semiramis.

... Píramo e Tibes eram vizinhos. O convívio mais íntimo dos dois era impedido apenas por uma parede que separava suas casas. Proibidos no romance pelos pais, comunicavam-se, por gestos e sinais, até que certo dia eles descobriram uma fenda na parede, e através dela passaram a trocar juras mais impetuosas. A paixão os dominava cada dia mais intensamente. Seus pais seguiam... Irredutíveis!

Quando chegava a aurora, encontravam-se furtivamente em lugares seguros. A única alternativa que lhes restava era fugir. E assim decidiram - seria à noite. Não deixariam rastros. Combinaram o encontro numa certa fonte, junto a um monumento conhecido por Túmulo de Nino.

Tisbe com um imaculado véu branco na cabeça chegou primeiro. Ficou a esperar por Píramo, abrigada do sol inclemente sob uma amoreira branca. Repentinamente, vê uma leoa com a boca ensangüentada, sedenta que dela se aproxima. Todavia, desvia seu caminho e vai em direção à fonte ali existente e seu foco principal.

Aterrorizada e em desespero, Tisbe foge protegendo-se numa gruta próxima. Na fuga seu véu fica pelo caminho. A leoa esquece-se da sede por instantes. Abocanha o véu, destroçando-o, e manchando-o com o sangue da sua boca. Instante depois chega Píramo, que vê na areia as pegadas do que seria de um grande animal, e logo à frente os trapos que restara do véu de sua amada todo banhado em sangue. Coração despedaçado e destruído imaginou que Tisbe fora devorada pela fera.

Desesperou-se. Em prantos, e deduzindo que ficara sem o amor da sua vida e seu único bem, decide não mais viver. Sob a amoreira saca da sua espada e a enterra no peito. O sangue esguichou tingindo de vermelho o branco das amoras.

Passado algum tempo e ainda cheia de medos, Tisbe sai da gruta e vai ao encontro de Píramo que imaginava já ter chegado. Ansiosa, queria contar a ele a aflição que passara com uma ameaçadora leoa. Próxima da fonte vê alguém se debatendo agonizante à sombra da amoreira. Mais perto, reconhece o amado no estertor da existência. Ao ajoelhar-se e abraçá-lo nele não havia mais vida.

Coração despedaçado e alma destruída, Tisbe decide que não há mais motivos para continuar vivendo. Com toda a força que possui solta um grito lancinante, o qual ecoa pelo infinito. Diz em seguida: Seguir-te-ei na morte, pois dela fui a causa. - E você amoreira, conserve as marcas da nossa morte - que tuas frutas sirvam como memória do nosso sangue! Na seqüencia, pega a espada maculada com o sangue do amado e também a crava no próprio peito.

Como os amantes de Verona, enterrados pelas famílias no mesmo túmulo, Píramo e Tisbe, os jovens amantes da Babilônia, foram também enterrados numa mesma sepultura - sob a amoreira onde morreram.

Daquele dia em diante, as amoreiras passaram a dar frutos vermelhos perpetuando dessa forma, o sangue derramado por Píramo e Tisbe - os mais belos e apaixonados amantes que a Babilônia conheceu.

***Caro leitor: O combustível que me move com certeza, após sua leitura, é a sua crítica, seja elogiando ou, literalmente criticando, porisso, se quiser postar o seu comentário, agradeço, porque é mais um elemento que tenho, e que me dirá, se errei, onde errei, e o que posso melhorar. Se forem elogios, fico feliz em ter lhe proporcionado uma boa leitura.

Obrigado.

Carlos Freitas
Enviado por Carlos Freitas em 30/03/2012
Reeditado em 16/02/2013
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