VIAJEM INSOLITA

Durante muito tempo parei para pensar no que acontecia comigo e se era justo estar ou passar por coisas que então não entendia.

Me revoltava por nada sair como planejava, ver as coisas escapando de minhas mãos me fazia odiar tudo e todos.

Então percebi que não preciso ser o como querem que eu seja, que se alguém me amar ou ter orgulho de mim, terá que ser como sou, terá que ser com o resultado que a vida me fez, com meus defeitos e minhas qualidades.

Confesso que já não acredito no amor da forma que cria há alguns anos, não confio mais como confiava e me entregava em outros tempos.

O que forte ainda tem em minha mente, é vontade de ser eu mesmo, contra todas as expectativas, contra as correntes que tentam me impor, me trancar, aprisionar, apesar do mar bater contra meu casco e querer afundar minha embarcação, revolto por não sei motivo, contra minha vida e minha fé, sigo mar adentro com a força de quem quer chegar há um lugar que sinceramente não sei qual é, e também se mereço.

Mas continuo encontrando em meu caminho flores com aromas produzidos por DEUS, divino alquimista que nos proporciona fórmulas mágicas para vencer o cansaço e solidão, ainda ouço a música que me enche os ouvidos e fazem com que não ouça o rugido do mar bravio, nem o som do vento, furacão cúmplice para minha derrota, tenta jogar-me contra as pedras, que heroicamente é impedido por legiões de anjos que sutilmente damos o nome de amigos.

Talvez seja essa minha sina, navegar por toda a vida, porto por porto, partida por partida, desviado do rumo por mentiras, enganos, talvez o mar se acalme e o vento vire brisa e chegue enfim a terra prometida, talvez a terra do recomeço, da fartura, talvez túmulo onde definitivamente ler-se-a numa lápide tosca aqui jaz alguém que viajou por toda a vida, fé e esperança foram seus companheiros de viajem, juntos com os anjos amigos.

Renato Cajarana
Enviado por Renato Cajarana em 27/02/2012
Reeditado em 27/02/2012
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