O IDOSO E O TRABALHO VOLUNTÁRIO
São várias as fases que o ser humano passa no decorrer da vida. Dividindo estas fases, podemos dizer que a primeira é a de formação, que compreende o crescimento e a educação. A segunda fase é aquela em que há oportunidade de pôr em prática o aprendizado adquirido. É a fase laboral, produtiva. A terceira fase, ou seja, a da terceira idade, anteriormente não era considerada produtiva nem promissora. Era o encerramento de um ciclo, ante-sala da morte. Considere-se ainda que as pessoas duravam menos. Aos 50 anos eram velhos, de aparência e de espírito, por assim dizer, porque não tinham perspectivas de vida, não alimentavam sonhos de realização de novas possibilidades, não viam diante de si portas se abrirem para um recomeço menos comprometido com horários e obrigações, mas, associado ao prazer, ao lúdico, ao servir.
A aposentadoria, o término do período de trabalho associava-se à falta de perspectiva. A perda do status profissional gerava um sentimento que induzia à improdutividade, como se não fosse capaz de enfrentar novos desafios.
Com a perspectiva de viver mais, as pessoas que estão na terceira idade perceberam a importância de mudar tais paradigmas, pois queriam além de viver mais, viver melhor, com mais qualidade de vida e, sobretudo , mais feliz. Aqueles que tiveram tal percepção e se prepararam de forma consciente e planejada para o encerramento do ciclo de trabalho produtivo, abriram-se para outros caminhos a serem percorridos, sem passarem por decepção e/ou depressão após a fase inicial de aposentadoria que se caracteriza por um certo deslumbramento.
Através de outras atividades é possível para o novo idoso perceber que ainda pode ser útil,repassar experiências, fazer novas aprendizagens, servir ao semelhante, pois não existe nada que impeça qualquer ser humano vivo, em pleno uso das habilidades cognitivas e motoras de viver com intensidade e prazer todo este tempo que se descortina à sua frente.
Entre as inúmeras possibilidades para esta faixa etária , surge como fator importante de engajamento na comunidade, o trabalho voluntário, que além de gerar satisfação pessoal, revela generosidade, desprendimento e compromisso social com a promoção do ser humano. Em decorrência o indivíduo desenvolve-se espiritualmente ao praticar ações que lhe gratifiquem.
Lamentavelmente ainda existem pessoas que acreditam que só tem valor o trabalho que é remunerado, aquele que é desenvolvido na idade adulta, visando o próprio sustento e da família e no qual recebem a contra prestação financeira. Consideram este trabalho desenvolvido após a aposentadoria como passa-tempo, coisa só para manter o idoso ocupado, e conseqüentemente causar menos estorvo.
É um engano brutal, pois o idoso tem condições de auxiliar no desenvolvimento de aptidão em outras pessoas, assim como ele próprio se aprimora e se aperfeiçoa.
Estabelece-se através desta troca uma convivência fraterna, saudável e produtiva.
É uma nova maneira de envelhecer que vem ganhando espaço e força. É uma questão de escolha, livre, pessoal e intransferível, que denota a superação de regras anteriormente estabelecidas e que deixavam os idosos engessados, muitas vezes por puro preconceito.
Antes o idoso esperava a morte, hoje eles encaram a vida com alegria e sabedoria.