RABISCANDO UMAS LETRAS

Sempre guardei na cabeça a ideia de que as boas histórias, reais ou inventadas, são aquelas contadas em noites quietas e frias, ao pé da lareira ou perto de um fogão a lenha. Pelo menos foi assim acomodado que ouvi as histórias de muitas vovozinhas no tempo que mal conseguia rabiscar umas letras. Talvez um ambiente agradável e aconchegante tenha esse poder de fazer a história ouvida perpetuar-se na memória. Minha avó e minha mãe também tinham seus contos de bruxas e lobos; já os tios só contavam piadas, enquanto que as mulheres da família gostavam mesmo era de fofocar a vida alheia. Pois é, de princesas e príncipes encantados cheguei à idade adulta com a mala cheia. Mas o que eu de fato queria era ouvir histórias de assombrações, de tesouros, de amores e maldições. Acho que terei eu de inventá-las.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 20/02/2012
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