Pérgula e edícola.

Como todos que me conhecem sabem, um dos meus prazeres é sair de casa para encontrar amigos em botecos da vida.

Outro de meus prazeres é sem dúvida alguma fazer novas amizades.

Então, quando junto as duas coisas é caso de alegria extrema.

Tinha acabado de chegar a um novo emprego, e conheci uma colega de trabalho, Mara, que trabalhava no setor administrativo, enquanto eu no setor jurídico.

Por trabalhar muito com as palavras, todos acabam achando que sei muito sobre português, o que definitivamente não corresponde a verdade, tenho sempre que me corrigir incansavelmente, e dou graças aos céus pelo corretor de textos.

Mara que também era adepta dos botecos, me chamava sempre para sair após o trabalho e relaxar tomando uma gelada.

Em uma das primeiras vezes em que saímos, ela muito animada por me apresentar uma amiga advogada, e também por estar no princípio da reforma de sua casa de praia.

A amiga que me apresentou foi super legal, e para minha alegria, não se falou sobre assuntos jurídicos.

Fico extremamente agradecida quando encontro colegas de profissão em algum boteco e estes não falam sobre assuntos jurídicos, pois acho extremamente aborrecido falar sobre estes assuntos em mesa de bar, onde nem todos são advogados, e estes ficam calados ouvindo o que realmente é desinteressante.

Íamos falando sobre a reforma da casa da Mara. Não tínhamos nenhum arquiteto ou engenheiro na mesa, éramos apenas pessoas com ideias pouco aproveitáveis, mas que estávamos nos divertindo.

Chegamos a área da piscina, ela queria uma pequena, de plástico, que pudesse ser retirada e guardada. Apenas uma diversão simples. Eu sugeri que ela fizesse uma pérgula com um deque, onde poderia colocar a piscina e ficar mais reservada.

A outra amiga então sugeriu que ela teria que reformar também a sua edícula.

Dito isto, a amiga se levanta e anuncia, como todos os botequeiros, que vai ao banheiro fazer xixi.

Mara me olha com interrogação suspensa, e solta:

_ O que vocês duas estão fazendo na reforma da minha casa? não sei o que é pérgula e muito menos o que significa reformar minha edícula.

E eu devolvo:

_ Quanto à pérgula, eu posso te explicar, mas a edícula é sua, e eu também não tenho a menor ideia agora, mas vou pensar sobre o assunto e te digo amanhã.

As gargalhadas foram inevitáveis, mas contidas, pois não queríamos parecer analfabetas diante de alguém que sabia o que era edícula.

A amiga retornou, mudamos de assunto, pedimos mais algumas, mas eu estava louca pra chegar em casa e consultar o Aurélio, meu querido pai dos burros (quem não sabe quem é o pais dos burros, pergunte a alguém mais velho).

E deu-se a tragédia. Quando chego em casa e procuro o danado, ele não estava. Esqueci de trazer para minha nova casa, meu inseparável amigo.

Nessas horas, eu já cansada, não consigo de forma alguma ligar computador e inernet.

Final da história, tive pesadelos a noite toda com diversas formas de edícula me perseguindo. Ora era um bicho, ora uma máquina. Que noite terrível, eu sem conseguir dormir direito por causa daquele edícula.

No outro dia bem cedo, fui trabalhar e assim que liguei o computador, a primeira coisa que fiz foi procurar EDÍCULA.

Quando minha amiga Mara chegou, já tinha todas as explicações para ela, o que salvou minha reputação por um tempo.

Agora, que já estou mais humilde consigo dizer, sem o temor de respingar minha já desgastada reputação literária, que padeço do mal de saber bem pouco.

Quem quiser saber o que é edícula, corre e vai ao dicionário. Hahah !!!

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 09/02/2012
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