SAUDADES DE FERNANDA.
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Por Carlos Sena



Fernanda mora em Fortaleza. É tudo que sei dela e mais nada poderia saber, nem eu queria. Um dia ela me disse que era avó, mas eu nem imaginava que ela fosse, do alto da sua beleza, se relatar como vovó. Neste papel ela rompe estereótipos, principalmente porque os netos não devem considerá-la no rol das antigas vovós que contavam histórias pra eles dormirem. De repente eu sei que Fernanda mora em Fortaleza e é vovó. De quantos netos eu não sei, nem quero tomar conhecimento. Pra mim, importante é que Fernanda é feliz sendo como é. O “como é” dela deve ser instigante, diante de tanta luz que irradia no que escreve. Seu ato de escrever é rico de construções inteligentes e sábias. Fernanda faz acrósticos como poucas – eu mesmo já fui fotografado por ela várias vezes.

Lá de Fortaleza ela me visita sempre. Uma visitinha virtual é verdade. Mas neste caso vale a pena, pois tudo que se possa dizer de negativo acerca da virtualidade, em Fernanda se recompõe. Certamente que é pecadora graças a Deus. Como pecadora é também temente a Deus e em todas as suas linhas escritas, discretamente está DEUS, bem ao seu modo. Ela demonstra ser, intuo, uma pessoa leve, mesmo diante do peso da vida que nem sempre a gente consegue administrar a contento. Pela foto não tem cara de vó. Mas deve sê-la com todas as letras, mas de uma forma revolucionária, libertária.

No Recanto das Letras ela me encontrou, tudo indica, por sugestão de Giustina. Esta, uma grande colega de “trabalho” no mesmo nível de Fernanda. Então eu fico me sentido entre “dois amores” que, por tamanha generosidade me enchem de luz em cada texto que escrevo a pretexto de coisas e de sonhos e de aconteceres. Há vezes que Fernanda some. Às vezes sou eu quem some. Aconteceu recentemente! Eu me peguei pensando: “Fernanda me abandonou”... Que escrita eu terei feito que a afugentasse de mim? Qual nada, a Fernanda que eu conheço não pula do barco em alto mar. Ela, certamente, deu um “deforete” pra recarregar as baterias nas dunas quentes da terra de José de Alencar. Aqui, no Recife, não há dunas, mas coaduna-se sol com sal e com suor e “ser-veja”, em sintonia com rapazes belos e moças não menos belas disputando o calçadão com La Belle de Jour, decantada por Alceu. Ao meu e ao seu prazer brindo com raios do sol em cada taça a tua retomada no RECANTO... Saudade é bom por isto, porque dá e não passa. Apenas ela (a saudade) nos engana como a água que a gente pensa que mata a sede e logo vem a sede precisando de mais água e logo vem o trem danado pra Catende...

Fernanda vem, fica um pouquinho, deixa que a gente sinta saudade, mas, depois volta. E eu lhe digo: volte sempre que se for, sem esquecer que ninguém se perde no caminho da volta. Beijos na paz de Deus.