SENSIBILIZAÇÃO

SENSIBILIZAÇÃO

Isabel C. S. Vargas

Li interessante artigo sobre a modificação de conduta das pessoas quando sofrem na própria pele a dor sofrida pelo outro.

Relata a situação de um médico psiquiatra americano, acostumado a tratar a dor alheia, e que ao se ver diante de uma perda sucumbiu como o mais simples mortal, apesar de toda sua bagagem de conhecimentos. Ao acontecer a depressão teve a mesma atitude inicial de negação que os outros pacientes apresentam. Ao se perceber enfermo, constatou a maneira como os pacientes são tratados de maneira geral. Não gostou do que viu e sobretudo do que sentiu.

Entrevistou 50 médicos e relatou as experiências em livro.

Grande parte dos entrevistados relatou não ter sabido a intensidade dor relatada pelos pacientes até passarem pela mesma situação.Mudaram seu comportamento diante disso , no trato com o paciente e também com relação à sua maneira de sentir, procurando desenvolver mais seu lado espiritual.

O modo como são informados de determinadas enfermidades,sobre expectativa de vida, o vínculo com o profissional,as condições físicas do ambiente hospitalar,como arejamento, luz solar, humanização também são fundamentais para que o paciente se sinta tratado com dignidade, respeito, segurança e favoreça no enfrentamento de situações difíceis visando seu restabelecimento.

Um outro aspecto revelado durante as entrevistas é que há um número de pacientes que têm um certo temor de desagradar os profissionais e por isto mascaram a real situação para não aborrece-los , não informando o que sentem verdadeiramente para não serem taxados como pacientes indisciplinados.

Isto tudo nos leva a concluir mais uma vez que a dor desestabiliza e diante dela

somos todos, apenas e simplesmente humanos com um maior ou menor grau de conhecimento.

Um diploma não nos torna onipotentes, isto é, não nos livra de infortúnios, pode isto sim, ajudar no enfrentamento dos mesmos proporcionando melhores condições materiais . Não livra ninguém da morte nem do temor que ela possa causar. Nestas horas são indispensável a atenção, o carinho, a solidariedade, o tratamento cordial e eficiente, o respeito (de ambas as partes),aliados à competência profissional.

Sabe-se da precariedade do setor de saúde no Brasil, das dificuldades financeiras pela falta de verbas suficientes para a saúde pública,da má gestão de verbas públicas o que faz com que empreendimentos sejam abandonados antes do término, num verdadeiro desperdício de dinheiro, de tempo e de vidas. Projetos são iniciados e abandonados à própria sorte, dependendo da boa vontade de pessoas abnegadas e do envolvimento da sociedade civil.

A remuneração dos profissionais que trabalham no setor público, emergencial, via de regra é inferior ao esperado, desejado e/ou merecido.A insuficiência do número de profissionais em determinadas especialidades, bem como em certas localidades fazem com que o panorama geral seja sempre ou geralmente deficitário.Quando tantas carências materiais existem , é inegável que muitas vezes o que se sobressai e salva a situação é a atuação do profissional da saúde agindo de maneira a superar tudo isto , de forma profissional e humanitária, dando demonstração de conduta elogiável .Valeria ressaltar que em todas as situações sempre é indispensável colocar-se no lugar do outro, avaliar suas necessidades , para em cima disto pautar a atuação profissional, mas há três esferas nas quais isto é indispensável, ou seja, na da saúde, da educação e da justiça tendo em vista o bem que está sendo salvaguardado em cada um deles,que são a vida a educação e a liberdade.