Quando eu morrer

Quando eu morrer será que vão me pendurar na parede ou sobre alguma estante para ficarem a lembrar de como era feio a plástica deste que depois de estar lá quer dizer que se foi?!

Será que me vão fazer rezas, cantar o terço, músicas tristes?

Será que alguns sairão para os cantos funestos para contarem piadas e outros para falarem do bem ou do mau que eu fui?

Será que me farão discursos? Me dirão poesias?

Ou será que se confundirão entre as tantas igrejas que freqüentei...

Teremos então católicos a quem muito servi, mas nem mesmo em meu período de doente me vieram ver ou saber...

Ou será que me virão mórmons de roupas impecáveis a dizer o quanto lamentam o pouco que me doei à causa, que por mais de não assumir e mesmo chapado eu me fiz em batismo em águas.

Ou me virão evangélicos aos quais sempre respeitei, os visitei para sabê-los e assim poder discernir se realmente eram o que a mim deles falavam.

Ou me virão espíritas que lhes contribuí com escritos, atuações e pensamento?

Até me faz pensar em breve leilão, sei que quando vierem me acolher terei de decidir a que caminho ir, a quem irei trabalhar na espiritualidade.

Pergunto-me, chorarão por mim?

Alguém além de minha atual esposa e minhas filhas chorarão? Espero que não pois quero que cantos sejam feitos, músicas de Cazuza, de Catedral, Música Gospel, quero sim é que as pessoas fiquem felizes por mim... Quando eu morrer...

Quando eu morrer será que alguém me fará aqueles santinhos como antigamente? Onde havia uma foto feia em preto e branco, as datas e uma mensagem bíblica? Alguém oferecerá uma coroa de flores, mesmo sabendo que eu gosto mesmo é de flores ao vaso, vivas para embelezar a todos e não a um só momento.

Quero mesmo que ao me olharem ali, frio a dormir naquele leito não se apavorem, que se riam, que me levem bons sentimentos e boas lembranças, que me guardem bem e bom, mesmo que um dia lhe tenha feito chorar.

Quando eu morrer quero adentrar à barca e olhar para trás num aceno de até já, até breve... Adeus...