Devolva, Lula!

Não tem jeito! Já me propus, por diversas vezes, não escrever sobre os embustes praticados por políticos, nessa era de coloração vermelha, em que os bons princípios foram esquecidos, originando fabulosa quadrilha de delinquentes, estabelecida em todos os poderes do Estado brasileiro.

A decisão de calar minha voz não se sustenta. Não consigo conter-me! As denúncias difundidas em noticiário de alcance nacional chegam-me ao conhecimento em profusão tal que, se não compartilhá-las com os leitores, corro o risco de ver a cabeça explodir, abarrotada de desairosas informações.

Algumas vezes escrevi, envolvido por sentimento de brasilidade e indignação, a respeito das malfeitorias praticadas por políticos e agentes públicos inescrupulosos. Cito-os apenas partidariamente, localizando-os na estrela do PT, visível e vergonhosamente ornamentada por mais de uma dezena de partidos oportunistas e sem-vergonha. O número desses meliantes cresce dia a dia, facilitado pela impunidade. A Justiça não os alcança em suas contumazes investidas contra os cofres públicos, recheados do produto de extorsivos impostos.

Não saberei, todavia, quantificar os integrantes dessa facção, dotados de espírito público e de honestidade. São poucos. Um número limitadíssimo, penso eu, capaz de ser contado digitalmente, mesmo em uma mão com apenas quatro dedos. Lamento que os milhões de eleitores brasileiros, analfabetos, despolitizados ou partidários de uma ideologia reacionária, vencida no tempo por ineficácia, não saibam avaliar o mal praticado ao país por esses agentes perniciosos, envolvidos em aura de falso assistencialismo.

Hoje, o meu sentimento de insatisfação com a ladroeira intensificada no Brasil, a partir de 2003, foi agravado por notícia cibernética, recebida de um dos mais respeitados contatos de minha lista de e-mails. “Nosso país é uma vergonha”, diz o remetente. Em seu estado de revolta ética, ele sugere que se dê conhecimento de mais um caso lamentável de falta de honradez. Pede-me a divulgação de notícia veiculada, há meses, no jornal Folha de São Paulo, assim como na revista Época, sobre a transferência dos pertences do ex-presidente Lula, para São Bernardo do Campo, quando de seu oportuno e esperado “despejo”.

Foram necessários onze caminhões para transportar os objetos da família. Presumivelmente, Lula chegou ao palácio com pouca coisa, a exemplo do que lhe aconteceu quando de sua viagem a São Paulo, vindo do nordeste, transportado em pau-de-arara. No Alvorada, Sua Excelência disporia do mais requintado mobiliário, instalações luxuosas e variados acessórios para uso cotidiano da família. Portanto, suas “tralhas” eram desnecessárias, a não ser que trouxesse, como outros presidentes, sua biblioteca recheada de livros, o que não ocorreu, por ser avesso à leitura. Os livros causam-lhe horror.

O meu contato cibernético, eu, você, e todo brasileiro capaz de raciocinar com lucidez, sem partidarismo, indagamos: Se foram poucos os pertencentes trazidos ao Palácio da Alvorada, por que onze caminhões foram necessários ao transportá-los de volta? A resposta, talvez, cause mais indignação a você, leitor, ao saber que um dos veículos era refrigerado, para transportar vinhos e outras bebidas nobres, fartamente consumidas por Sua Excelência. Os demais caminhões, dez – não esqueça –, serviram para conduzir, entre outras coisas, a cama em que dormiram Lula e Maria Letícia. Um móvel de proporções generosas, que, por não caber no apartamento de São Bernardo do Campo, ficou guardado em um depósito.

Essa cama, como os demais móveis, utensílios, objetos de arte, tudo que for disponibilizado a um ocupante do Palácio da Alvorada é propriedade do Estado. Joias e presentes recebidos pelo presidente da República e pela primeira dama, também são incorporados ao patrimônio da União, por força de lei. Não podem ser apropriados por ex-mandatários, ao término de suas gestões, como fizeram Lula e esposa, segundo as informações aqui compartilhadas. Até um crucifixo, exposto no gabinete presidencial, foi surrupiado pelo ocupante petista, alegando lhe pertencer. Fotografia antiga, no entanto, mostra a peça ornamentando o gabinete do ex-presidente Itamar Franco. Essa constatação, no mínimo, faz crescer o nariz de seu ex-colega, ao apossar-se da peça sacra.

Um caminhão abarrotado de vinho e de outras bebidas finas, com certeza desfalcou a adega do palácio, já bastante explorada por quem abusou da “mardita”, até provocar-lhe séria enfermidade. "Imagine o que foi roubado no atacado, durante toda sua gestão, inclusive de seus `cumpanheros´" - diz o autor do e-mail a que me referi e do qual extrai as informações que repasso aos estimados leitores.

"Devolva, Lula!" Esse é o título da campanha empreendida pela internet, visando à recuperação do que foi (se o foi de veras) transportado, indevidamente, nos onze caminhões da mudança que, por certo, doeu no seu bolso. E no meu.