HÁBITOS ANTIGOS
Recebi uma remessa de livros de uma editora pelo correio. Ao observar o envelope verifiquei a quantidade de selos nele colada o que me pareceu estranho, pois estou acostumada a receber outro tipo de correspondência comercial que não vem com selos.
Há muito que,para mim, escrever cartas está em desuso.Não faço idéia de quanto tempo faz que enviei uma carta para alguém. Ao contrário tenho uma amiga que não sabe se comunicar de outra forma, isto é , enviando cartas e também por telefone, é claro. Tem até dias que ela tira só para escrever cartas para os amigos e colocar a correspondência e as novidades em dia.Jogo com ela o que poderia se chamar de queda de braço, para ver se ela cede aos meus apelos e compra um computador. Mas, voltando aos selos – em número de cinco- o que achei curioso, além do baixo valor que especificavam , foram os motivos neles estampados. Três deles eram comemorativos aos 400 anos do Convento de Santo Antônio e alusivos ao Natal de 2008. Os outros dois, um alusivo à profissão de costureira e o outro contendo um trompete e dois estandartes com a flor- de- lis (o que me faz lembrar da França, reis, clarins, liberdade).
Não pude deixar de lembrar das antigas coleções, prática comum a uma determinada época, que passou por várias gerações : Selos, moedas, cédulas, figurinhas, cartões postais, papéis de balas, carteiras de cigarro, caixas de fósforo, chaveiros, lápis, canetas, calendários. Nas gerações mais próximas apareceram as coleções de papéis de carta decorados, latinhas de cerveja, canecos, ingressos de jogos de futebol (cartões magnetizados) cartões telefônicos e não imagino que outro tipo de coleção pode ter surgido ou se surgiu já que hoje tudo é tão rápido, descartável e tão ligado à tecnologia que não há espaço para este tipo de hobby ou entretenimento.
Confesso que tive várias delas, em fases diferentes,sempre, é claro estimulada por minha mãe. Entre elas, as de lápis, de chaveiros, posteriormente, de postais, de calendários, de cédulas, de moedas, de cartões com mensagens. Cheguei a tentar uma coleção de selos estimulada por meu padrinho que era colecionador e cuja coleção, mais tarde foi vendida.
Cheguei a pensar em guardar os selos, por impulso, depois me dei conta que vivo falando das coisas que guardamos em excesso, da quantidade de informação diária que recebemos e que necessariamente não se transformam em conhecimento, da obsessão que é ter, juntar sem saber que utilidade daremos para tudo que temos.
Nas pequenas coisas temos que exercitar o desapego que confesso é uma das dificuldades que enfrento, com relação a mim mesma e meus familiares. No momento tento convencer meu marido a doar uma pequena coleção de discos de vinil e de fita cassete sem sucesso.
De qualquer forma, a visão dos selos, serviu para recordar épocas passadas outros hábitos, e viajar no túnel do tempo.