ADEUS IMINENTE

Hoje sai de casa, e ao chegar a rua encontrei mais uma vez um céu carregado de nuvens cinzentas, um pingo de chuva molhou a ponta do meu nariz, senti o frio daquela minúscula gota de água, olhei em volta, vi que se aglomeravam, tornavam-se continuas e com isso mais fortes.

Pensei na vida, que se as pessoas assim como os pingos da chuva, fossem coletivas, se ajuntassem, se os sentimentos fossem realmente verdadeiros, honestos, sinceros, se o amor realmente existisse nos corações, se não houvesse infidelidade, mentiras, se as pessoas se importassem realmente uma com as outras, seriam como o exemplo da chuva, que arrasta tudo que encontra pelo caminho, desabriga pessoas.

Ela porém, sem ciência do que faz, sem culpa ou pudor, segue a natureza cumpre seu destino, volta a terra, trazendo vida e destruição.

Nós, se soubéssemos o poder que temos juntos, aglomerados, o poder que temos quando estamos imbuídos de boas atitudes, de boas intenções não deixaríamos de estar próximos um do outro, de dar a mão um ao outro

Sabe, estou cansado de tudo isso, da vida, de como as pessoas encaram a vida, de como tratam a vida e seus semelhantes.

Cansa do de semear palavras, de tentar chegar á algum lugar nas pessoas que não seja a sola dos sapatos.

Talvez deva enfiar minha viola no saco e aceitar que somos animais, e como tal, seguimos nossos instintos, ainda que primitivos, agimos por impulso de nossa natureza animal, que nem sempre é civilizada.

Estou contano até dez, acho que no fim dessa contagem restará apenas mais um homem, que sonhou com dias melhores, que semeou no deserto e não viu suas sementes darem fruto, talvez no fim dessa contagem jogue a toalha, cansado de tanto sonhar, de tanto tentar, de tanto sofrer a minha dor, e a dor dos outros, talvez no fim dessa contagem perceba que sou apenas um inútil e solitário ser humano, animal como tantos, frágil como muitos, sonhador como poucos.

Renato Cajarana
Enviado por Renato Cajarana em 13/01/2012
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