Tudo ON - Parte 1

A máquina que vi pela primeira vez na certa não se parece em nada com a que tenho agora e muito menos com as que trabalhei em algumas épocas de minha vida funcional.

A máquina era um monstro. Não sei qual era a altura, mas era grande e gorda muito mais que eu que pesava 55 quilos, ela não sei precisar quanto, mas devia ser 2 ou 3 vezes mais. De um cinza esverdeado diria que da cor de um ET, pelo menos dos que já vi em filmes. Não falava, não escutava, não respondia. Tinha uns cartões com uns furinhos engraçados que controlava tudo. Nunca percebi como aquilo funcionava, mas recebia umas folhas de papel listradas as quais se dava o nome de pijamas, imagino pelas listras (listras que se alternavam em verde e verde mais claro). Poucos eram os treinados para manusear aquelas coisas e eu não via nada de bonito naquilo, mas já sabia a grande importância delas. Tudo de muito grande na empresa era feito por elas. E quase tudo que não era tão grande no setor em que trabalhava era feito por mim, isto é datilografado (palavrinha antiga...) usando uma máquina IBM ou Olivetti (ainda sem o corretivo branquinho). Havia também o stencil a óleo e a alcool e o memeógrafo.

Tinha muito trabalho para datilografar listas de exercícios, provas, apostilhas, declarações, ofícios, memorandos e tudo o mais...Longe de mim pensar que aquela giringonça iria ajudar-me algum dia e que com um simples toque poderia apagar o que escrevi em uma folha inteira, diferente de quando tinha que passar o corretivo ou apagar puxando o "carro" da máquina, isto quando já era tempos avançados, alguns anos antes e eu tinha que usar a velha borracha (invenção bacana continua igual até hoje).

Voltando ao ET. Eu não tinha a menor intenção de mexer com aquilo e nem penso que os meus superiores achavam que algum dia eu teria capacidade para enfrentar tal bicho.

Mas... O tempo passou. Mudei de setor e função e a velha máquina continuou a ser minha aliada, estava lá eu a datilografar em uma IBM super moderna com corretivo e tudo, relatórios tinham que ser enviados a Brasília. Da capital vinha os meus conhecidos pijamas e eu tinha que preencher os espaços e devolver os relatórios a Coordenadoria.

Ai as máquinas já não eram monstros pré-históricos e já existiam algumas (tipo televisão antiga 26 polegadas), tela verde, comecei a aprender que existia uma linguagem própria em que elas falavam

"D'base" em que elas escrevia "DOS" E como sempre tive ânsia de aprender fiquei imaginando se eu aceitaria esse novo desafio fui em busca de cursos e aprendi a trabalhar com linguagens, sistemas e algumas coisitas mais. Não, não era uma pessoa formada em informática e nem tinha a pretensão de ser programador ou coisa que o valha, só queria fazer meu trabalho. Se para isso era necessário lidar com o novo eu estava pronta a aprender.

Mas alguns anos e recebi o primeiro computador (direto do DF), isto é o setor de trabalho recebeu. E quem tinha que trabalhar com ele? Eu e uma amiga... Na verdade começamos quase que a morar na Universidade. Muitas vezes em época de relatórios, recebiamos telefonemas dos familiares perguntando se nós não gostariamos de levar a cama, já que ficavamos lá até duas, tres horas da madrugada. E o pior era que o programa que usavamos e a máquina não se batiam. Quando achavamos que estava tudo certo... E que era só imprimir o relatório descobriamos que tudo estava misturado. Era uma salada de engenharia com medicina, de matemática com português e voltavamos a estaca zero. Tempos difícieis.

A internet já tinha entrado em nossa vida a algum tempo quando minha companheira se aposentou. Eu continuei iniciando a navegar na internet e enviar agora em vez de pijamas, disquetes grandes e ai eu tinha que gravar tudo e mandar, depois vieram os mines disquetes. E finalmente...Chegou a internet. Tudo on, pense que maravilha com dois clics mandei até o mes de julho não sei quantos relatórios para a bela capital do Brasil.

Do monstro não sei o que foi feito, das coisas horríveis que eram os computadores dos anos 80 também não. Mas foi algo que gostei e vou continuar tentando aprender.

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Arlete Araújo
Enviado por Arlete Araújo em 10/01/2012
Reeditado em 27/04/2012
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