A Verdadeira Alegria

Quando eu estava no ginásio (hoje é chamado de Ensino Fundamental, parte da Educação Básica, e já foi chamado de primeiro grau maior, da quinta à oitava série, cuja nona já está acrescentada), bem, quando eu fazia o ginásio, ouvi, de um grupo de colegas que se apresentava em uma peça, uma música cuja letra dizia:

"A verdadeira alegria

Quem a possui completamente diga lá

Sua alegria é a mesma todo dia?

E se é verdadeira diga lá.

Alegria do dinheiro

Não tem gosto verdadeiro

E quem sabe... (esqueci o complemento do verso)

Segundo um e-mail que recebi do André dos Santos, a estrofe termina assim: "Quanta dor de cabeça ela nos dá"

A verdadeira alegria... (refrão)

Alegria da saúde

Quantas vezes nos ilude

............................."(esqueci o verso).

com o complemento, o terceiro verso:

Pois sabemos que seu fim há de chegar.

Mais uma vez o André dos Santos me acode

No dia 30, ontem, véspera do fim-de-ano, daquela noite em que se começa a contagem regressiva para a chegada do novo ano e a queima de fogos, já vi algumas pessoas reunidas em torno de mesas bebendo álcool em suas mais variegadas formas: Destilado (cachaça), e fermentado (cerveja e vinho). Não havia hora para terminar a bebedeira. Os comensais (ou "bebensais"?) estavam alegres, contavam estórias, se divertiam. Eu observava. Ficava apenas imaginando por que as pessoas precisam de tanto desequilíbrio para sentirem-se felizes. Cheguei a soltar uma das minhas frases, que surgem na cabeça de repente: "Se precisas de tanto álcool para ficares feliz, estás no caminho errado".

E poderia completar aquela música sobre a verdadeira alegria com outras estrofes:

"Alegria da cachaça

Pode-nos trazer desgraça

E fazer muita gente lamentar

A verdadeira alegria... (refrão)

A alegria do vinho

É sentimento mesquinho

Quantas vidas ela pode desgraçar".

Não quero que as minhas queridas leitoras e os meus caros leitores pensem que eu sou absolutamente contra a ingestão de bebidas alcoólicas. O que estou querendo dizer é que as pessoas não devem iludir-se, buscando alegria no excesso. No dia seguinte a ressaca é tão grande que muitas pessoas resolvem nunca mais beber. E raramente mantêm a promessa por mais de duas semanas, se tanto.

A diferença entre o remédio e o veneno está na dosagem. Assim, um cálice de vinho nas principais refeições é recomendado pelos médicos como um bom remédio para o coração. Mas quem se reúne em torno de uma mesa para tomar um, ou, digamos, dois cálices de vinho? As pessoas bebem até ficarem embriagadas. Elas precisam preencher o vazio existencial com alguma coisa, mesmo que seja o álcool etílico. Mal imaginam elas que dentro do próprio ser humano existem drogas que são produzidas com a finalidade de trazer alegria. É o caso da serotonina, que traz a sensação de felicidade, e para produzi-la, é só fazermos algo de que gostamos, como, por exemplo, ler um livro, escrever um texto, jogar damas e xadrez, aprender um idioma estrangeiro, etc., etc., etc.

Por que, então, as pessoas não se reúnem na mesa para jogar cartas, dominó, ouvir música, ler poesias, conversar sobre assuntos polémicos (sem briga, é claro), discutir a política económica e tantas outras coisas altamente prazerosas? Por que não falar sobre a alegria, sem ter que buscá-la no interior de uma garrafa?

A verdadeira alegria já está dentro de nós. Mesmo que a ciência tente dizer que é coisa de poucos eleitos, procure entrar no número dos eleitos. Afinal, a ciência está certa: Muitos são os chamados e poucos os escolhidos. Simplesmente porque estreita é a porta e apertado o caminho. Isso os escritores sagrados já disseram antes dos cientistas. Porém, nada impede que qualquer pessoa possa encontrar a felicidade. Ela não está lá fora, em um país distante. Ela depende daquilo que os mestres chamam de "encontrar o tesouro".

Não invoque, portanto, a alegria de fora, a falsa alegria extraída das garrafas. Evoque (de dentro para fora) a alegria que você pode extrair de você mesmo, do espírito, passando pelo seu soma (que produz serotonina, a "droga" da felicidade). Só recomendo que não fique viciado, pois A DIFERENÇA ENTRE O REMÉDIO E O VENENO ESTÁ NA DOSAGEM. Feliz 2012!!!

OBRIGADO, ANDRÉ DOS SANTOS, PELA COMPLEMENTAÇÃO DE TÃO PRECIOSAS ESTROFES!

António Fernando
Enviado por António Fernando em 31/12/2011
Reeditado em 27/10/2016
Código do texto: T3415573
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