1950 – Copa do Brasil

O Brasil tinha tudo para ganhar o certame mundial. Porém, o bairrismo mais uma vez imperou na convocação da Seleção Brasileira. O senhor Flávio Costa tinha a seu dispor uma enorme quantidade de jogadores prontos para formar um grande time. Todos calejados de duros confrontos contra a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

Houve um lampejo de inteligência e ousadia durante o Sul-americano de 1945 quando Flávio Costa aproveitou todos os craques que tinha nas mãos e formou uma das melhores linhas de atacantes do Brasil, de todos os tempos com: Tesourinha, Zizinho, Heleno de Freitas, Jair da Rosa Pinto e Ademir de Menezes.

Só não vencemos o Sul-Americano de 1945 por que enfrentamos a Seleção Argentina, com a melhor seleção de sua história. Esse certame aconteceu no Chile e os chilenos foram privilegiados ao assistir as duas seleções, que na época eram as melhores do mundo (lembremos que a Europa estava saindo de uma Guerra mundial).

O Brasil de Oberdan, Domingos da Guia e Norival; Ivan, Danilo e Jaime; Tesourinha, Zizinho, Heleno, Jair e Ademir. A Argentina com Vaca, Salomón e Sobrero; Lazati, Néstor Rossi e Pescia; Boié, José Maria Moreno, Pedernera, Mendez e Lostau. Argentina 3 x 0 Brasil, na grande finalíssima.

Mas voltando à Copa de 1950, o Brasil poderia ter aproveitado os dois Santos (Djalma e Nilton) nas laterais pois eram muito superiores a Augusto e Bigode. Mauro Ramos de Oliveira era muito superior a Juvenal. Na linha média Bauer e Danilo eram os melhores. Na linha de ataque, com a contusão de Tesourinha, o melhor ponta direita do Brasil era Cláudio Cristóvão do Pinho, do Corinthians, muito superior a Friaça, Maneca e Alfredo que era coringa no Vasco da Gama, para todas as posições, exceto goleiro.

Zizinho, Ademir de Menezes e Jair da Rosa Pinto eram unanimidades em todo o Brasil. Mas na ponta esquerda tínhamos Simão, Rodrigues e Teixeirinha, infinitamente superiores a Chico.

Então, com todas essas aberrações tinha de acontecer o que aconteceu: Perdemos a Copa dentro de casa.

Hoje, analisando friamente o acontecido, percebemos que o senhor Flávio Costa não pode ser crucificado sozinho, pela derrota. Os dirigentes da C.B.D., na época, cariocas em sua maioria e os diretores do Vasco da Gama, tinham grande peso na formação da Seleção.

Do Vasco, além de ceder todo o seu time, até o reserva Alfredo estava convocado e jogou de ponta direita em São Paulo, contra a Suíça, no empate em 2 x 2, no Pacaembu.

Enfim, jogamos fora em 1950 uma Copa do Mundo que poderia ser nossa, se houvesse bom senso, menos bairrismo e um pouco mais de brasilidade. Mas o Brasil perdeu a Copa de 1950 na véspera. Os jogadores que até então se concentravam longe do centro do Rio, deveriam ter ficado lá, um lugar mais sossegado, e só vir depois do almoço para o Maracanã, repousados e prontos para a luta final.

Entretanto os nossos dirigentes e políticos fizeram tudo ao contrário. A seleção ficou concentrada no centro do Rio de Janeiro e os jogadores não tiveram um minuto de sossego. Deram inúmeras entrevistas, participaram de ensaios fotográficos com faixas de campeões do mundo, junto com políticos e dirigentes que iriam explorar posteriormente uma provável vitória do Brasil. Em resumo, uma calamidade.

Em um recorte de jornal que ganhei de um conhecido, isso por volta de 1956 quando trabalhava na Cia Mogiana de Estradas de Ferro, o grande goleiro uruguaio Máspoli afirmava que Zizinho lhe havia dito que os jogadores brasileiros estavam todos muito cansados e sem dormir. O jornal era do Uruguai.

Laércio
Enviado por Laércio em 04/12/2011
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