Anemia, outras cores que faltam

As reticências enfeitiçavam o tempo, como cortinas em um placo ocultavam o espetáculo, a dúvida ou desinteresse reservavam os três pontos em uma categoria de insignificância.

O desconhecido e o não material costumam cobrar da alma um olhar mais atento e doado para o abstrato, ao significado subentendido, as entrelinhas, o invisível distante do tato, mas que toca, muitas vezes, sinfonias em nossa orquestra desorganizada.

O monstro se alimenta da omissão, se cala, mas do isolamento faz causa e casa, se sacia das entranhas e dos desejos reprimidos, soa sinos ensurdecedores, se esconde atrás do travesseiro e na manhã seguinte cessa, permanece em silêncio como se não existisse, em disfarces e faces fica oculto.

A indiferença para tantos alarmes nega a essência, restando abnegação obstinada, obtusa e cega, esvazia de significados a estrutura e o corpo paira inerte sem sopro de vida, o pulso pulsa enquanto o coração repulsa negando o batimentos.

As cores escapam deixando monocromático, mudo e em silencio, quartos com portas trancadas e janelas fechadas, o sentimento cândido do desejo é rotulado com olhares que se julgam puros e certos, quando a certeza do certo é o erro que o novo provará no futuro, o maduro abraça a incerteza.

Sintomas de anemia, sonhos em prateleiras e desejos em geladeiras