NA RUA
 
 
Queria só comprar os elementos da nova dieta, e como andar lá na feira? Como levantar se o sono ainda me prendia e um ligeiro frio ainda me protegia na coberta da cama?
O dia hoje parece diferente, com alma própria. Será que foi o término do livro CEM DIAS ENTRE O CÉU E O MAR? Aquele finalizar chegando, chegando e querendo pisar na areia e depois dormir? E chorando e rindo quase adormecendo?
Quanta emoção...
Mas consegui sair deste estado, escovei os dentes só com sabonete, borrei de batom as bochechas só um pouquinho e uma cor nos lábios só para tirar a palidez do despertar, e lembrei aquela roupa lavada berinjela pendurada, que foi a minha salvação. Definitivamente posso ir pra feira e comprar “o côco ralado” e o resto da dieta, que eu conseguir, no primeiro caminho. Vai ser só andar daqui até o côco e voltar, e trago o que tiver nesse caminho. Vou sem muleta, estou mais forte. Lavei os cabelos ontem à noite e ficou ótimo hoje. Olho no espelho: estou mais bonita hoje. E saí devagarzinho como se parecesse calma, mas era contendo o equilíbrio.
A rua... Quanta cor e contentamento. O encanto maior da feira é que todos, vendedores e compradores ostentam uma alegria de conjunto, tudo num funcionamento harmonioso como uma máquina bem untada. Integrei-me a eles e além de sorrisos e falas parece uma família sem desiguais.
Fui conseguindo tudo e um rapaz trouxe os volumes para mim até a portaria, e risos, e papos sobre futebol cada um defendendo o seu time e vendendo o seu peixe. Uma família às quintas-feiras...