No feriado do mês de outubro, convidei alguns amigos para um almoço na roça. O prato principal seria galinha caipira com arroz e coqueiro, uma das minhas especialidades, modéstia à parte.Gosto de cozinhar tranquila, então sugeri que adultos e crianças fossem nadar no rio que fica pertinho, logo abaixo da cachoeira. Pedi que não se demorassem, em pouco tempo o almoço estaria pronto.
Enfim sós, eu e minhas panelas! Acendi o fogão a lenha, coisa que não abro mão quando estou na roça, é do prazer de cozinhar feito minhas avós. Amo ver as chamas dançando no ar, as panelas de ferro que herdei delas fervendo sobre a chapa e sentir o cheiro de lenha queimando. Gosto até mesmo ficar com os braços e rosto encarvoados.
Cantarolando, fazia o almoço.O dia estava lindo, tudo perfeito. Enquanto as panelas ferviam saí da cozinha com um balde de água, a fim de regar uma roseira. Desci o degrau e caminhei olhando para o céu, nesse instante, senti que havia pisado num trem mole e áspero, um calafrio me percorreu o corpo quando ouvi um chocalho...—São Bento! Olhei para trás, havia uma enorme cobra cascavel atravessada bem debaixo da porta da cozinha. Deusmelivre e guarde! Eu pisei nela com o pé descalço.
Dizem que esticada a cobra não dá o bote, precisa estar enrolada, não sei se é verdade, o pior é que eu a irritei com a pisada, então veio para o meu lado. Apavorada, ainda tive forças para jogar água em cima dela, como se isso fosse atingi-la, que nada! A cobra continuou vindo. O jeito foi subir numa escada de madeira que estava encostada na parede da casa, lá de cima com medo de cair, gritava feito doida. Cheguei a pensar que a cascavel ia subir escada arriba.
Nenhuma viv’alma aparecia para me salvar. A cobra lá embaixo desfilava de um lado para outro a me desafiar. Perdi a noção do tempo que fiquei gritando. Minhas panelas iam queimar no fogo, porém, a última coisa que pensava era descer lá de cima. Mais tarde, uns vizinhos escutaram a gritaria e vieram me acudir. Mataram a cobra e eu pude descer.
Me sentia um trapo, estava com as pernas bambas. Mesmo assim fui ver as panelas. O bom do fogão a lenha é que, sem atiçar o fogo e colocar mais lenha ele não funciona. Por sorte não queimou a galinha nem o feijão que cozinhavam.
O povo chegou do rio, o almoço estava pronto. Passei o resto do dia com os nervos em frangalhos. Dizem que cobra cascavel passeia aos pares, fiquei o tempo todo imaginando que o cônjuge da cobra ia aparecer para se vingar de mim. Credo, foi um dos maiores sustos que já tive...Ando ressabiada, com medo de voltar lá. Nem sei se vou nesse feriado próximo.
Fato real!
Foto de um coqueiro macaúba cheio de cachos.Esse coqueiro é da família do palmito, porém o caule tem muitos espinhos.Atualmente é protegido por leis ambientais,só pode cortar se plantar e com autorização.Seu fruto é comestível e o óleo da castanha tem propriedades terapêuticas. Ainda vou falar mais sobre ele.
Esta crônica faz parte do Exercício Criativo. Conheça os outros autores e seus textos, acesse o link:
Enfim sós, eu e minhas panelas! Acendi o fogão a lenha, coisa que não abro mão quando estou na roça, é do prazer de cozinhar feito minhas avós. Amo ver as chamas dançando no ar, as panelas de ferro que herdei delas fervendo sobre a chapa e sentir o cheiro de lenha queimando. Gosto até mesmo ficar com os braços e rosto encarvoados.
Cantarolando, fazia o almoço.O dia estava lindo, tudo perfeito. Enquanto as panelas ferviam saí da cozinha com um balde de água, a fim de regar uma roseira. Desci o degrau e caminhei olhando para o céu, nesse instante, senti que havia pisado num trem mole e áspero, um calafrio me percorreu o corpo quando ouvi um chocalho...—São Bento! Olhei para trás, havia uma enorme cobra cascavel atravessada bem debaixo da porta da cozinha. Deusmelivre e guarde! Eu pisei nela com o pé descalço.
Dizem que esticada a cobra não dá o bote, precisa estar enrolada, não sei se é verdade, o pior é que eu a irritei com a pisada, então veio para o meu lado. Apavorada, ainda tive forças para jogar água em cima dela, como se isso fosse atingi-la, que nada! A cobra continuou vindo. O jeito foi subir numa escada de madeira que estava encostada na parede da casa, lá de cima com medo de cair, gritava feito doida. Cheguei a pensar que a cascavel ia subir escada arriba.
Nenhuma viv’alma aparecia para me salvar. A cobra lá embaixo desfilava de um lado para outro a me desafiar. Perdi a noção do tempo que fiquei gritando. Minhas panelas iam queimar no fogo, porém, a última coisa que pensava era descer lá de cima. Mais tarde, uns vizinhos escutaram a gritaria e vieram me acudir. Mataram a cobra e eu pude descer.
Me sentia um trapo, estava com as pernas bambas. Mesmo assim fui ver as panelas. O bom do fogão a lenha é que, sem atiçar o fogo e colocar mais lenha ele não funciona. Por sorte não queimou a galinha nem o feijão que cozinhavam.
O povo chegou do rio, o almoço estava pronto. Passei o resto do dia com os nervos em frangalhos. Dizem que cobra cascavel passeia aos pares, fiquei o tempo todo imaginando que o cônjuge da cobra ia aparecer para se vingar de mim. Credo, foi um dos maiores sustos que já tive...Ando ressabiada, com medo de voltar lá. Nem sei se vou nesse feriado próximo.
Fato real!
Foto de um coqueiro macaúba cheio de cachos.Esse coqueiro é da família do palmito, porém o caule tem muitos espinhos.Atualmente é protegido por leis ambientais,só pode cortar se plantar e com autorização.Seu fruto é comestível e o óleo da castanha tem propriedades terapêuticas. Ainda vou falar mais sobre ele.
Esta crônica faz parte do Exercício Criativo. Conheça os outros autores e seus textos, acesse o link:
http://encantodasletras.50webs.com/umsusto.htm