De: Silvino Potêncio  (Crônica número 285)
 
 Ova-kwa-nyama!  (Os Cuanhama)
 
Diz-nos uma lenda Angolana que, os Guerreiros da Tribo pertencente ao grupo etnolinguístico Ambó, de língua Tchikwanyama, atualmente  uma das línguas étnicas de Angola, ao sentirem a falta de alimento em determinada época de “vacas magras” – isto é um fenômeno “xuxial” muito em voga nos dias de hoje, nesta Aldeia Global onde vivemos, principalmente na agora saudosa Terra de Viriato Luz & Tano  -  eles resolverem emigrar para a “mata”.
Antes de prosseguirmos na nossa narrativa, tema desta crônica da emigração, nós queremos alertar mesmo a quem não come carne de vaca, mas sofre com a doença congênica (entenda-se: dizemos com gênica!... e não com gênita porque a doença só atinge quem tem genica para cobiçar o que é dos outros, sem fazer esforço próprio!,  enquanto a doença congênita é um mal de raiz, é um cromossoma que vem dos tempos telúricos imorredouros da época do vouuu-te contar!... àqueles que sabem de onde vieram e também sabem para onde vão).
Esta lenda pretende explicar a origem da designação Ova-kwa-nyama, que traduzido `a letra, significa  “os da carne”, ou popularmente conhecidos lá,  pelo aportuguesamento de “Os Cuanhamas” que, no cancioneiro popular Angolano,  se atribuía aos contratados do Sul que vinham para as Fazendas do Norte para trabalhar nas então prósperas culturas de Café, Oleo de Palma, Cana de Açucar, Frutos Tropicais,  e outros trabalhos agrícolas, incluindo a criação de animais de corte!.
 
Dizíamos nós que, naquele tempo;  “Uma pequena fracção da tribo “donga” deslocou-se para a floresta, à procura de víveres.
Depois que lá encontrou tanta abundância de caça e de peixe que ela resolveu fixar-se ali em definitivo e deixaram de mandar a carne para a tribo de origem.
-  Quando deram esta notícia ao Sóba, (*) ele enviou os seus fiéis emissários, ordenando-lhes que regressassem à terra tribal.
- Mas, a aludida fracção da Tribo não quis, porém, obedecer à ordem emitida pelo Sóba.
- Este acabou por dizer: “Ova-kwa-nyama ...Deixai-os lá com a sua carne” iii aatãon lá bai;
 
-  O povo!... Unido! jamais será fu... gido!
-  O Povo!... Luz & Tano, nunca entra pelo cano!
-  O Povo!... Em kA La krado! jamais será enrabizado!
 
Peraíiiiiiiiii. oh paaaa! essa cunberça já cumeça a cheirá mal!
– Aatão a gente perde o dia de ir à missa (a manifestação foi marcada para um domingo porque a “troika” não permite faltas ao expediente, nem para protestar profissionalmente!) e “nois” vem aqui p’ra escutar o quê?
O responsável pela manifestação de protesto, ele pacientemente explicou;
-A crise está aí para se cumprir, e não para permitir novos desvelos pelo bem colectivo. Não são permitidos mais arroubos de patriotismo do tipo Home de Santa Comba Dão tudo de graça!
 Não!,Não!, Não... agora somos todos políticos e democratas.
- Por isso  tem que se pagar tudo!
- Agora é como se diz na Grécia:
-  Euros?!... kiria-los!,  aatão tomalous lá!
Mas tens que os pagar com dinheiro vivo e à VISTA, no Doi  Tche Bank... (Deutschbank) da Ti Angela Mercula. 
Tá certo, mas, nós,nós fomos contratados, legalmente pelo POVO DE PORTUGAL,   para vir aqui a protestar na frente do “consolado” e voismecê só faz repetir estes palavrões; fugido, enganado, roubado, vilipendiado, desacreditado, macambuziado, inadimplentementado, decepcionado, fichado, desiludido, despedido, injustiçado, enrabizado!...Isso  são palavras  que só causam vergonha aos nossos “abós”! enquanto forem vivos!
Não, não é isso! 
Agora para protestar em público não é “axim” que se fais!... Primeiro a gente arranja um I Pode. 
(tá bãon mas e quem não pode?! como é que bai reclamar?!)
Pô!  mas voismecê é muito inguinorante mesmo!
I pod” é um aparelho moderno que a gente usa para saber de tudo em tempo integral ao vivo, on laine é de inmediato! intendes? Caraago!!!? - tá bãon, tá bãon!
- Aatãon como é que se faz?
Oh Paaaa! Primeiro a gente arranja um I Pode. 
Depois paga-se uma taxa ao dono da rede aonde se hospedam os protestos públicos por cada departamento! ou seja: - os funcionários públicos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, por mero exemplo demonstrativo solidário, eles vão ao Palácio das Necessidades e protestam por salários iguais aos dos demais funcionários públicos do Banco de Portugal, do Banco da Caixa, da EDP, da ASAE,  etc, etc e tal e coisa, porque eles teem todos as mesmas necessidades.
-  E mais!, quando eles, os funcionários públicos,  vão de férias para a Grécia,  precisam levar um subsídio extra por causa da greve dos transportes marítimos de lá. 
- Lembrem-se que a Grécia tem muitas Ilhas, e o melhor acesso é por ar! Até porque eles andam até com falta d’ar porque os Alemães lhes apertaram os gorgomilhos e já avisaram;
- ou pagas ou vais p’ra kowa!, ao que os Gregos responderam!
Tou aki toutapoulos os euros na conta do Doi Tche Bank, (deutschbank)  caraças!
E como doi hein, hein, hein!...(nisto o empregado gritou!) - Sai uma  Heinecken p’ra mesa do canto (gritou o garçon que por sinal era um rapaz de Valhado Lid,  casado com uma Rapariga da Val Paços de Coelho,  que pertencia a uma família de Ciganos oriundos da Macedônia, mas que há muito estão radicados nas Terras Altas Transmontanas  da Aldeia do Vilar Massada.
Peraíiiiiiiiii... oh páaaa! a mim me parece que “voismecê” está a fazer confusão! (clamava em surdina o intelectual de esquerda e com  Punho fechado)   - Funcionário público não é político!
Ora aí é que está o problema. 

Para sair da crise é preciso que todo o funcionário público seja político. E não o inverso porque,  ser politico não exige carteira profissional, vejam;
-  o “gay jo” que conserta a rebimboca da parafuseta do carro do PM (Primo Mané) tem que ser mecânico com especialidade em consertar rebimbocas. Mas,  já o político que se senta no banco de trás do motorista (mais conhecido por Xôfer) ele não precisa ter diploma de Mecânico para fazer funcionar o carro, em público, entendes?
Ah sim, acho que entendi.  Eu sou o Xô fer e ele é quem dirige os fer idos!?
- Ele só dirige a política de todos os guerreiros da Tribo dele! E quando estes não querem mais voltar à Tribo, que é afinal o sentimento de todos os Emigrantes Luz & Tanos atualmente, então não adianta protestar porque o dono do Konsulado vai dar sempre a mesma resposta:
Os Cuanhamas!?  “Deixai-os lá com a sua carne”. 
Mas voltemos ao Konsulado e bamos lá. 
-  ai Minha Noxa Xeñora do Amparo, lá de Mirandela!
Acabemos”  agora mesmo acabo de receber aqui uma noticia da nossa Amiga Jornalista de plantão lá em São Paulo e a coisa está preta!
Segundo o IPod dela, o Consulado deu um “cano”  (**) desgramado no Funcionário Empregado lá há mais de 30 anos! 
Citamos...
08/11/2011 | 21:03
Consulado português dá `cano' no INSS
O consulado de Portugal em São Paulo ignora a legislação brasileira, surrupiando 38 anos de INSS e FGTS do funcionário José Roberto Moreira, 58. Ele descobriu a mutreta após ser afastado por grave problema de saúde, e pedir aposentadoria pelo SUS. Proibido de entrar no consulado, protestou na porta com um megafone, prometendo mais barulho, nesta quinta (10). Moreira está com salário atrasado. A Justiça brasileira obrigou o consulado a pagar todos os retroativos e readmiti-lo, mas o cônsul não se manifesta. Moreira tem o vírus HIV.

Fim de Citação.
 
O dono do estabelecimento, agora acusado na justiça publicamente, ele se defende e diz que a doença grave que afastou o funcionário não tem validade no Brasil. 
 Pior! em Portugal ninguém sofre com AIDS porque, lá só tem registrados doentes com SIDA, logo o funcionário não tem direito a receber nada de indemnização cá  pelos 30 anos de serviços ao Consulado! 
- Além do mais, o Consolado é pago em Euros e, por isso, a Tesouraria vai ter que aguardar a estabilização do câmbio do Dolar em relação ao Euro, para depois cair no REAL,  Isto é;  se a “tesoura” da Troika não fechar o Consulado antes disso.   
 Abraço Transmontano e até breve!...
Silvino Potencio
O Home de Caravelas de Mirandela
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil  
 
(*)  Chefe Tribal em Angola.

(**) Dar o “Cano” é não pagar divida.
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 09/11/2011
Reeditado em 30/03/2020
Código do texto: T3326649
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