Livrei-me do meu companheiro!

Convivi com um acessório indispensável por exatos 32 dias. Ele dormia comigo, acordava ao meu lado, escutava minhas particularidades, fazia barulho nos momentos mais inoportunos, etc...

Meu acessório era um celular com número fixo que eu adotei-o como um companheiro por 32 dias consecutivos. Foi uma boa experiência, pois pude perceber como trabalhar fora das paredes de uma sala de advocacia funciona.

Era bem interessante: Eu assistindo um telejornal e o telefone tocando.

Eu baixava o volume da tv, parava tudo e atendia o bonitão tagarela (celular). Do outro lado da linha, uma pessoa de outro Estado do país buscando uma orientação jurídica, querendo nossos préstimos, nossos serviços.

Serviço prestado. Lá estava eu, continuando minha estadia em meu lar.

Agora já estava escovando os dentes e daí tocava o telefone. Mais um possível cliente sendo atendido entre creme e fio dental, além de uns gargarejos com enxaguante bucal.

Mesmo nessa confusão toda, eu não largava o celular, mas vez por outra ficava brava mesmo com ele.

Veja se não estou com razão: O acessório zumbia exatamente na hora da aula de Processo Civil, onde eu tirei uma nota não muito atraente e fiquei tão aborrecida com o inoportuno trim, que atendi sem maiores fôlegos e com uma certa limitação na orientação prestada. Ora bolas, ele tocou justo na minha aula preferida e que por ironia tirei uma nota que não gostaria... Azar meu!

Finalizando, livrei-me finalmente do meu companheiro inseparável que muitas alegrias me deu, trazendo mais clientes, ajudando inúmeras pessoas, mas que me me causou uns transtornos, ele me causou também. Eu que o diga!

Um recadinho direto para ele:

- Deselegante você sabe que é, pois não pediu licença, invadiu minha vida e zumbiu nos meus ouvidos como se fosse um parceiro de 20 anos. Ora, você era só um equipamento que grudou em mim por apenas trinta e poucos dias. Nada mais.

- Adeus companheiro! Espero sempre revê-lo, porém em companhia de outra assistente.

- Epa, não fique com raiva de mim, por fineza! Você sempre me ouviu dizer que sou ultra sincera. Não se acostumou comigo? Trinta e poucos dias foram insuficientes para o feito? Ah, problema seu!

Contos e Encantos
Enviado por Contos e Encantos em 29/10/2011
Reeditado em 30/10/2011
Código do texto: T3305834
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