Pilão

Pilão

Pilão, velho pilão!

Quantas vezes a família reuniu-se junto a você em noites de inverno.

Papai sentado no banquinho de tábua em cima da taipa do velho fogão de lenha!

Nós crianças, ficávamos rodeados em busca do calorzinho do fogo.

Ao seu redor rolavam longas conversas do passado familiar.

O pilão encostado ao lado da janela esperava o momento certo para iniciar as atividades.

Mamãe socava o amendoim e fazia as paçocas.

Triturava o milho amarelo e fazia as canjiquinhas.

Socava o café torrado e fazia o cheiroso pó de café.

Quanta recordação!

Nas tardes de domingo o pilão era brinquedo para as crianças.

Quantas gargalhadas e que correria, o pilão era a peça principal.

Para lá e para cá, o pilão era como um rodeiro que rolava sem parar.

Quem não conseguisse segurá-lo tornava-se a mulher do padre.

Quanta recordação!

Em dias de chuva o pilão servia de banco para a rapaziada.

As “prosas amarelas” e verdolengas que iam indo embora com freqüência.

Cigarros de paia e pedaços velhos de fumo cheiroso nos bolsos.

Uma dose de cachaça para os mais veteranos e aquele gole de café quente, para os menores e idosos.

Quanta recordação!

Hoje há apenas um resto do pilão, um lenho estático, inerte, solitário, abandonado, quase morto!

Ele serve mais para limpar o arroz.

Não se soca mais o amendoim.

Não se faz mais o pó de café.

Não serve mais de banco nas chuvas de inverno.

Deixou de ser brinquedo para a criançada nas jovens tardes de domingo.

Pilão de uma mão só.

Pilão que ficou na saudade!

Época que trouxe tantas felicidades.

Um pedaço de madeira que fez história.

É isso aí!

Acacio

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 28/10/2011
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