Filhos da incerteza...

Filhos da rua varridos pelo vento...

Sonhos, sonhados transformados em solidão.

Chamados de menores abandonados em linguagem depreciativa.

Assim são as vidas dessas crianças e jovens.

São apenas números de estatísticas que enfeitam a miséria.

O abandono é forte, vergonhoso e tenebroso.

Mescla uma soma de sofrimento inimaginável.

A apatia e o conformismo são os trejeitos que falam por si só...

É uma sina? È uma saga? O que será?

O linguajar é monossilábico. De bocas ingênuas saltam sempre as mesmas respostas.

Ah! Moro onde dá prá ficar. A rua é o meu lugar...

Em cada amanhecer os filhos da incerteza abortam a esperança, pois vivem aprisionados e sem futuro, caminhando para os reveses presenteados pela vida que levam.

Não têm consciência que fazem parte de uma sociedade perversa e são marginalizados.

A grande maioria morre em tenra idade devido à violência, que campeia a ermo, a extensão triangular desse lindo país.

Cidadão é palavra bonita é bem definida pelos intelectuais.

Essas crianças valem tanto quanto os jornais, que forram seus leitos nas noites frias, chuvosas e enluaradas.

Elas perambulam sem destino, como estrelas errantes no céu...

Esses filhos da incerteza estão numa idade cronológica, onde o desenvolvimento físico e a inteligência estão em plena ascensão. O abandono aniquila, humilha sugando assim, todas as possibilidades... Como enxurradas vão sendo arrastados para um mundo abissal, profundezas irreversíveis... Assim a vida continua silenciosa como se nada tivesse acontecendo...

Essa crônica não é uma homenagem ao "Dia da Criança."

É um grito de alerta desesperador em prol dessas flores, que mal desabrocham e vão sendo levadas numa travessia, num último adeus ao Planeta Terra.

magda crovador
Enviado por magda crovador em 10/10/2011
Reeditado em 10/10/2011
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