FOTO DE NIZCAROS  DOS MONTES HIMALAIA

OS NIZCAROS E A TORRE ESPADA!... (Uma Crônica da Emigração dedicada ao POVO de Tras Os Montes e Alto Douro)


De: Silvino Potencio, “ Os Nïzcaros e a Torre e Espada!”
 
Meu Caro Amigo Jorge Neves,
 
De uns tempos a esta parte eu tenho recebido os seus emails daí do Canadá,  e todos eles com assuntos de interesse geral - por isso os arquivo para posterior ponderação.
Este aqui embaixo é, para já, digno de constar no meu Blog http:osnizcaros.blog.pt ... e que tipo de Blog é este?!
- Na verdade talvez um desconhecido endereço na internet como existem milhões mundo afora... Portanto, deixa eu te explicar a razão pela qual resolvi fazer o Blog e ali publicar noticias desta natureza.
... Uns 6 meses antes da campanha para a ultima eleição do Presidente da Répùblica, eu escrevia as minhas crônicas sobre a Lusofonia actual na página do Portugal Club (no momento está suspenso por opção do próprio Presidente desta ONG, já que se trata de um espaço virtual, que chegou a mais de um milhão de leitores antes das suspensão...).
 
Naquela época eu reuni várias dezenas de crônicas com este título "Os Nïzcaros", em alegoria literária aos "miscaros" que ainda hoje se buscam em várias regiões de Portugal, principalmente na região de Castelo Branco (atenção: em Trás Os Montes tem também esta Aldeia de Castelo Branco no Concelho de Mogadouro, diferente portanto da conhecida Capital da Beira Baixa!) e, em várias outras Aldeias, contando inclusivamente a minha Adorada Aldeia Caravelas de Mirandela!!!
... onde se catam miscaros ou "NÏZCAROS" como se falava lá na minha Aldeia, ou ainda "sanchas" (existe até a Aldeia de Vale da Sancha).
Durante aquela campanha tinhamos um contacto quase diário e imediato com alguns amigos virtuais Luso-Brasileiros, dedicados companheiros e atentos seguidores das coisas do "poleiro" Al Facinha, e assim resolvemos montar uma barraca virtual de campanha `a qual entitulámos de
http://osnizcaros.blog.pt
 
Nesta barraca se falava e se cozinhava de tudo,... desde os raros "nïzcaros" (sanchas que nós guardamos na memória até hoje) vermelhinhos polpudos, assados na brasa com uma côdea de pão centeio, e um copo do tinto, até enguias à moda do Sado!
... daí que, de uma receita à outra, nós chegámos ao final da campanha... o Home subiu ao poleiro, e em seguida veio a decepção geral...
Assim deixamos para a posteridade todas essas crônicas, todas aquelas criticas, que as fizémos na mais singela intenção de assim contribuir para expor ideias nossas sempre baseadas na ideologia de sermos bons cidadãos, bons patriotas, respeitados trabalhadores e dignos membros da familia que se esvai,... que se vai p’ró estrangeiro,  indo em busca de "sanchas" e "nïzcaros" cada vez mais raros dentro do território nacional...
As (dez) ilusões com as quais fechámos a barraca da campanha de então e que até hoje estão lá expostas, uma a uma!...dão-nos ideia do que sentiamos naquele tempo, e continuamos a sentir hoje ao vermos idiotices como esta citada aqui pela Doutora Catarina Patricio,... não interessa se o medalhado comendado merece ou não a honra, o importante é promover cerimônias ao mais alto nível nacional, nem que seja para condecorar para a midia a média inteligência que Deus lhe deu.
 
Nïzcaros já não existem porque hoje é mais fácil importar e trazer "champignon" do estrangeiro!... e mesmo que os houvésse,  seria preciso trazer também os imigrantes do Leste (mas não percebeste) para os apanhar como já acontece em quase todo o rincão aonde ainda se produz alguma coisa!...
-  ele são Bulgaros a apanhar maçã, uvas, castanhas, azeitona, etc...   em Tras Os Montes, ou são Bósnios a apanhar tomates na Cova da Beira, Poloneses a colher uvas no Alentejo... e Alemães, Ingleses, Holandeses, a explorar figos da capa rota da região de “Bule e Queime”... daqui a pouco vamos reunir um bocado destes imigrantes para os condecorar com “Ordem da Torre do Tombo”, por causa do "trambolhão" que Portugal deu em 25 de Abriu-looooooooooo... o gógò... para gritar "estamos livres" da liberdade de ter que pensar!
 
Citamos Carta da Doutora Catarina Patricio (data vênia):
 
Exmo. Sr. Presidente da República, Dr. Aníbal Cavaco Silva,

o meu nome é Catarina Patrício, sou licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, fiz Mestrado em Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, sou doutoranda em Ciências da Comunicação também pela FCSH-UNL, projecto de investigação "Dissuasão Visual: Arte, Cinema, Cronopolítica e Guerra em Directo" distinguido com uma bolsa de doutoramento individual da Fundação para a Ciência e Tecnologia. A convite do meu orientador, lecciono uma cadeira numa Universidade. Tenho 30 anos.
Não sinto qualquer orgulho na selecção de futebol nacional. Não fiquei tão pouco impressionada... O futebol é o actual opium do povo que a política subrepticiamente procura sempre exponenciar. A atribuição da condecoração de Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique a jogadores de futebol nada tem que ver com "a visão de mundo" (weltanschauung) que Aquele português tinha. A conquista do povo português não é no relvado. Sinto orgulho no meu percurso, tenho trabalhado muito e só agora vejo alguns resultados. Como é que acha que me sinto quando vejo condecorado um jogador de futebol? Depois de tanto trabalho e investimento financeiro em estudos?!! Absolutamente indignada.

Sinto orgulho em muitos dos professores que tive, tanto no ensino secundário como no superior. Sinto orgulho em tantos pensadores e teóricos portugueses que Vossa Excelência deveria condecorar. Essas pessoas sim são brilhantes, são um bom exemplo para o país... fizeram-me e ainda fazem querer ser sempre melhor. Tenho orgulho nos meus jovens colegas de doutoramento pela sua persistência nos estudos, um caminho tortuoso cujos resultados jamais são imediatos, isto numa contemporaneidade que sublinha a imediaticidade. Tenho orgulho até em muitos dos meus alunos, que trabalham durante o dia e com afinco estudam à noite....
São tantos os portugueses a condecorar...
e o Senhor Presidente da República condecorou com a distinção de Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique jogadores de futebol... e que alcançaram o segundo lugar... que exemplo são para a nação? Carros de luxo, vidas repletas de vaidades... que exemplo são?!
apresento-lhe os meus melhores cumprimentos,
Catarina
--   "Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, agüentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas. (Guerra Junqueiro, 1896)
Fim de citação
 
Nota do autor: contráriamente ao nosso habitual comentário de abertura de cada crônica que escrevemos, hoje deixamos para o final o pensamento genérico do Escritor Guerra Junqueiro, postado aqui pela Dra Catarina Patríco, em harmonia com a concordância do nosso sentir actualizado... somos um povo que nem se governa nem se deixa governar!
– Isto diziam os Romanos quando construíram a Fonte lá na minha aldeia e exploraram as minas de ouro, depois deixadas para os Mouros que ali se instalaram... e hoje devemos acrescentar:
“ cada um por si, e Deus pelo FMI”...  
 O que diria o “Ti Guerra Junqueiro” disto que aí está?... ele que foi um dos maiores incentivadores da implantação da Répùblica?!...
Vai que, daqui a pouco, vamos condecorar os membros da Troika pelo bem que nos trouxeram às cestas e aos cabazes, temos impostos para dar e vender, carago!!!...
 
É assim a “bida”  ou, como dizia a Ti Julheta de Caravelas, que Deus já lá tem; graças a Deus que já cozemos, seis pães fizemos, sete devíamos ... e nem sequer de pão nos enchemos!...
 
Abraço Transmontano e até breve...
 
Silvino Potêncio
Emigrante Transmontano – O Home de Caravelas – Mirandela.

(original publicado em: www.silvinopotencio.net)

Nota do Autor: este texto já foi escrito há alguns anos,  todavia para nossa eterna desilusão a dicotomia da Politica Luz & Tana se tornou um ciclo vicioso; ora agora mandas tu... iii ó despeis amando ou!...
 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 25/09/2011
Reeditado em 22/12/2018
Código do texto: T3239758
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