O MENDIGO E OS PÃES

É muito difícil existir um morador da periferia de uma grande cidade como São Paulo, por exemplo, que não tenha se deparado com alguém que anda de porta em porta das residências ou dos comércios, pedindo alguma coisa, algum auxílio etc. Sempre que isto acontece, o que deixa muitas pessoas desconfiadas é o receio, a sensação de estarem sendo ludibriadas, lesadas por falso mendigos, os quais usam de má fé e saem coletando mantimentos, roupas, calçados e depois repassam para terceiros ou vendendo por preços de banana, com o objetivo de saciarem seus vícios.

Nestas circunstâncias, pode ser que haja alguma pessoa desonesta, desprovida de mau caráter, mas só que também pode haver alguém que esteja realmente necessitando de ajuda e até de uma palavra amiga. E sendo assim, conforme reza o pensamento bíblico: "o justo paga pelo pecador".

Agora por falar neste assunto de mendicância, falsa ou não, aconteceu um fato com o dono da padaria aqui do bairro onde moro, na zona leste de São Paulo, que o deixou boquiaberto e sem ação. Acostumado a dar alguns pães ou lanche a alguns pedintes que, diariamente passam pelo seu estabelecimento, certo dia, chegou um deles e, ao pedir alguma coisa para saciar a fome, aquele senhor não pensou duas vezes: agiu como sempre: pegou uma porção de pães, colocou-os num saquinho de papel, como agiria para qualquer freguês e o entregou ao pedinte, sem esperar nenhum agradecimento específico.

Só que desta vez, foi surpeendido pela pergunta séria e até arrogante daquele mendigo:

-"Escuta aqui, esses pães é de hoje" (sic). Ao mesmo tempo que apalpava o envólucro para constatar se aqueles alimentos estavam como ele pretendia, ou seja, de preferência, até quentinhos.

Diante de tal disparate, o dono da padaria simplesmente, para não entrar em atrito, visando não tumultuar o ambiente, apenas respondeu:

-Escuta aqui, digo eu, a sua "excelência" nunca ouviu falar que "cavalo dado não se olham os dentes"?

E já deixando o recinto, sem o respectivo saco com pães, o mal agradecido mendigo ainda teve tempo para resmungar:

-"Já ouvi, sim senhor, mas cadê o cavalo? Pois se eu ganhar um eu tô bonito!"

E deixando o embrulho sobre o balcão, ele foi embora falando alguns solilóquios incompreensíveis.

Acredite, se quiser, mas este fato inusitado realmente é verídico e teve teve testemunhas. Incluindo este que agora o torna público.

Como diria o egrégio Millor Fernandes: "Quem dá aos pobres e empresta...adeus!"

JOBOSCAN

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Enviado por JOBOSCAN em 14/09/2011
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