Não pretendo fazer uma biografia, nem discutir a tomada do poder na Líbia, pelos rebeldes que se opuseram ao regime de Muammar Kadhafi.

            O coronel comandou uma rebelião, inspirado nos ideais políticos de Gamal Nasser, líder de grande parte do povo árabe e presidente do Egito.  Derrubou com outros coronéis o governo Idris, e assumiu o poder na Líbia em 1969/1970.  Tomou medidas extremas, todas baseadas no islamismo, como o fechamento das casas de tolerância, proibiu o álcool e outros radicalismos mais.

            Mas não se esqueceu do povo.  Pobre, a descoberta do petróleo mudou completamente a situação.  A água era quase inexistente, havia necessidade de dessalinização.  Equipes descobriram um enorme lençol subterrâneo, e o coronel rapidamente espalhou por todo território.  A venda do petróleo garantia os gastos com o desenvolvimento do país.

            A educação foi altamente intensificada, sendo hoje o número de alfabetizados chegando a 84,2%.  Tem o maior IDH da África, 0,755, que atinge a categoria de elevado.  Não se relata miséria existente em todo território, ou seja, nestes termos está em vantagem distante do Brasil.

            O coronel Kadhafi era amado pelo povo, mas aos poucos tornou-se um ditador como todos os que permanecem no poder sem eleição.  Um fato chama a minha atenção sobremodo.  Durante um congresso de especialistas em cirurgia plástica, onde estava um amigo de juventude, o capacitado Liacyr Ribeiro, um agente governamental convidou o meu amigo para fazer uma visita ao líder muçulmano.  Liacyr pensou que se tratava de brincadeira, mas logo pode sentir que o fato era sério. 

            Acompanhou o agente.  Foi recebido numa residência fortificada, onde Kadhafi governava o país.  No subsolo, existia uma clínica perfeita.  Foi pedido que ele desse ao líder uma ‘aparência mais jovem’.  Não podia, não havia levado seus instrumentos.  Kadhafi em muito bom inglês - estudou na Inglaterra - pediu que ele viesse ao Brasil, apanhasse os instrumentos e voltasse.  Sabedor que o perigo rondava, a exigência foi cumprida.  A cirurgia tem mais de dez anos, daí o atual rosto do coronel, que durante um procedimento, pediu para parar e comeu um hambúrguer.  Pode parecer piada ou invenção, mas o meu amigo é muito conhecido no Rio de Janeiro e no país, pode comprovar o que foi dito.

            Em poucas linhas, este é o controvertido Kadhafi, que acaba de deixar o poder na Líbia.

 

imagem:  Muammar Kadhafi e Liacyr Ribeiro/Google

Jorge Cortás Sader Filho
Enviado por Jorge Cortás Sader Filho em 06/09/2011
Código do texto: T3203718
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