Algodão Doce
(Patricia Montenegro)

Lembro-me com saudade de quando eu era uma menina de mais ou menos 5 anos. Cheia de sonhos e fantasias.
Em frente a minha escola tinha um vendedor de Algodão Doce. Todos os dias ele estava lá com seu carrinho mágico. Um senhor de cabelos brancos, como o algodão que fazia, e sorriso largo.
Mas não era o Algodão Doce de hoje em dia, que vem em sacos plásticos, repletos de corantes e todo grudado. Não! Era um Algodão Doce solto, leve, suave e braquinho como nuvens, que surgia em questão de minutos de uma grande panela e era enrolado em palitinhos de madeira.
Mas, eu apenas olhava, fascinada, o carrinho do Sr. Fazedor de nuvens. Por mais que minha mãe insistisse, eu não queria provar aquela nuvem encantada. Eu não queria quebrar aquele encanto que surgia diariamente diante de meus olhos.
Muitas crianças saiam sorridentes com seu palitinho gigantesco de Algodão Doce. Mas olhar já era suficiente. E imaginar como era possível alguém fazer algo tão belo.
E assim foi durante quase um ano. Todos os dias a saída de escola eu ficava lá por alguns instantes olhando a magia do criador de nuvens tão brancas e suaves.
Mas eu era uma criança e tinha vontade de provar que gosto teria algo tão belo. Então um dia resolvi que eu provaria. Perderia o meu medo de quebrar o encanto e finalmente saberia o seu gosto.
Eu estava ansiosa fará o termino da aula e quando o sinal tocou indicando o seu termino corri em direção a minha mãe e disse: Mãe! Hoje eu quero provar o Algodão Doce!
E lá fui eu...com olhinhos ansiosos esperar o 'meu Algodão!'!
O senhor de cabelos brancos sorriu para mim e disse: muito bem minha menina, farei um bem grande e especial para você!
Em questão de minutos ele enrolava suaves, brancos e leves feixes de algodão.
Finalmente provei. Um sorriso de satisfação surgiu em meus lábios. Como era doce! Gostoso! Como adoçava o coração.
Compreendi então que ali naquele Algodão Doce, na minha nuvem, estavam contidos todos os sentimentos necessários para a vida. A doçura. O amor. O carinho. A alegria e a felicidade. Era o gosto da inocência e dos sonhos. Não dos sonhos destruídos mas sim a possibilidade de construir sonhos. E doces momentos em nossas vidas.
Nunca poderei esquecer aquele Sr. Fazedor de nuvens...de sonhos..de Algodão Doce!
Acho que para sempre aquele Algodão adoçou não somente a minha boca mas também a minha alma e coração.


Rio de Janeiro, 22-09-03 - 18.46 horas 
Patricia Montenegro
Enviado por Patricia Montenegro em 31/08/2011
Reeditado em 06/07/2017
Código do texto: T3193224
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