A Serpente e a Banana Podre.

O ser humano primitivo, já surgiu como um devorador de frutas, ao contrário do que se imagina - um carnívoro predador. Basta olhar para a arcada dentária para se concluir isto. Sua necessidade alimentar primária seria uma dieta composta de frutas, folhas, raízes e nozes, especialmente as frutas abundantes em seu meio: cocos,mangas, maçãs,jacas e bananas. Nesta versão,Francisco um apreciador frugal (antes não o fosse) é o personagem desta estória tão real quanto chocante. Não são as maçãs, mas as bananas, o fruto proibido desta estória, que também poderia ser mais uma fábula, se não fosse realística. Uma estória de um paraíso perdido na infância de um garoto de apenas sete anos Como determinar a uma criança que ela não goste de frutas? Parece sem sentido, não é mesmo?

Sozinho no mundo, sem os pais, sem direitos e, muito mais rebelde, inconsciente à sua própria sorte, foi adotado pelos tios, que também tinham filhos, isto é seus primos. Sua formação de personalidade e seu caráter estarão daqui pra frente correndo riscos de serem lesados. Somente quando atingir o limiar da maturidade, os primeiros lampejos de consciência, é que, se dará conta dos efeitos devastadores, e o comprometimento com uma falsa realidade diante do mundo... Não há como escapar à teia lançada por essa aranha, serva do destino, cruel executora carmática, parceira fiel das serpentes, na sua forma mais atraente - a mulher.(Felizes, são as serpentes, pois não precisam escovar os dentes)- Uma brincadeira minha com as serpentes. Serão elas, ao longo de uma existência sem brilho, mascadas pela substancia da dor que assumirão sem culpa nenhuma, o papel do anjo vingador. A tia de Francisco,longe de substituir sua mãe, vai assumir este papel. Após perder o marido para uma outra mulher, tornou-se amarga, o tipo estereotipado de crueldade, cujos sentimentos primitivos de bondade e compaixão foram absolvidos em suas emoções; quando expressadas, demonstravam ódio, desprezo, e vingança. Enfim, o orgulho maior de ostentar uma falsa moral, encoberta por uma capa cristã. Cumpria agora, punir "tutti pecatti del mondo”, especialmente os dos indefesos e dependentes.

O culto à dor, e essa obsessão pela virtude, passaram a ser a tônica de sua vida, sem nenhuma perspectiva de felicidade terrena. Não era assim que a Igreja Cristã ensinava? Contudo, essa pessoa abria mão de seus desejos pois ela ainda era nova, e tinha menstruação.

Naquela casa, cabia a ele Francisco, tarefas específicas,como cuidar de um quintal com suas fruteiras, entre outras.

Quando faltava as obrigações, o castigo era certo: ficar sem comer, era o mais freqüente além de surras,algumas com sangramento, agressões esporádicas e muitas humilhações verbais. Porque Francisco, além de esperto, inteligente, corajoso e de bom coração, também era um moleque atrevido, sem respeito, irresponsável e desobediente. Praticamente, não ouvia ninguém exceto a um primo, o mais velho, a quem chamava de irmão, e que o tratava com dureza, mas era um justo. Aos demais, não havia diálogo, porque lhe impunham à força uma moral e uma disciplina feitas especialmente, assim parecia, para ele Francisco por que era um sem caráter e abusado. Mas, aquilo que deveria fazer um efeito disciplinador, revertia-se em revolta. Era tudo em vão. O guri reagia, e não aceitava o sistema. Na verdade ele não fazia parte, a menor parte do coração da família , mas quem ligava? Não tinha a menor importância. Fora os infelizes laços de sangue, na condição inferior de criado,era um agregado ali, um estrupício mesmo.

Sua tia fazia questão de apresenta-lo aos outros assim: Este eu crio,estes outros são meus filhos; e olhava de soslaio para o garoto com desprezo e uma ponta de prazer maquiavélico. Era humilhante. Curioso, é que o Francisco, tratava essa mulher por MÃE ! O seu gosto pelas frutas e legumes coisa que serviria de orgulho para a maioria dos pais, não incluía as bananas, mesmo que tivesse especial atenção para com as bananeiras do quintal daquela casa. Muitas vezes, degustou, além de goiabas, mangas, cajus e carambolas, dulcíssimas bananas, frutas amarelas bicadas pelas aves no próprio pé. Quando mudaram de casa, aquela fartura, era apenas uma lembrança. Agora, elas vinham da feira, as bananas já marcadas e forçadas a amadurecer quimicamente, por óxido de carboneto, antes do tempo. Pretas por fora e manchadas com um ferimento por dentro, o gosto era muito desagradável. O efeito do potássio da fruta neste estado, provocava náuseas no menino, e o local mais indicado, seria a lata do lixo. Quando sobrava certa quantidade lhes era ofertado, e a recusa em come-las era castigo certo ! Ameaçado com um pau de vassoura, apontado para sua cabeça, ou um relho de bater em animais, que cortava a carne, forçosamente ingeria aquela porcaria.

A estória, se repetia anos depois...antes, fora uma jaca.

MORAL:

1.Esta estória, cuja moral, só podia pertencer as mentes doentes destas mulheres,(anteriormente ouve outra - a da jaca.) onde sua finalidade era maltratar e humilhar uma criança, compensando assim suas frustrações.

2. O fruto sadio feito para alimentar-se, e dar prazer, tornara-se proibido. A serpente agia em forma de mulher. O homem em forma de criança , é punido (por nascer) com seu "pecado original".

Álvaro Francisco Frazão.

Frazão
Enviado por Frazão em 24/08/2011
Reeditado em 24/02/2015
Código do texto: T3179776
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.