TEOLOGIA MARXISTA I

TEOLOGIA MARXISTA I

Para Marx, coisas como salário, capital, lucro, dinheiro, etc., estão sempre ocultando relações entre os seres humanos. Com isso podemos dizer que uma economia política marxista seja essencialmente sociológica. Não se separa o econômico do social. Os dois aspectos aparecem numa unidade dialética, conflitiva, em que o econômico surge como um fetiche das relações entre as pessoas. As relações sociais desnudam e aparecem ideologicamente purificadas de sua base econômica, disfarçando suas causas. Assim sendo, na visão comum das coisas, se esconde o processo produtivo que condiciona aquelas relações, e, de algum modo, as determina.

Pode-se pensar que uma economia sociológica não e uma economia científica, uma economia submetida a uma visão sócio-histórica. O que pretendo dizer é que todas as realidades sejam vistas dentro de uma totalidade histórica determinada. Tendo como base o processo de apropriação da natureza pelo ser humano através do trabalho. Uma mentalidade assim permite analisar fatos econômicos, como o capitalismo selvagem, sugador da América Latina, onde se oculta sempre e ideologicamente, um fenômeno social, uma relação de grupos humanos, ou seja, conflitos de classe embutidos num modo de produção determinado, como capitalista de produção.

Se eu sair por aí dizendo que a Teologia pura e ligada ao social, como foi a Teologia da Libertação e em alguns cantões ainda é, é uma teologia materialista, muitos cristãos vão pensar que é uma provocação. Isso porque o termo materialismo traz à mente a idéia de negação do espiritual, do árido, do superior.

A dialética da natureza, onde se afirma que não há espírito sem matéria, não espírito substancial, e o espírito, embora aflorando, permanece homogêneo à matéria. Verdade que, em se tratando do ser humano e do espírito dos mesmos, essas idéias engelsianas não são estranhas à teologia. A única coisa é a decadência no poder nesse aspecto, pois ela torna-se mais serviçal.

A teologia dos hebreus em suas formas mais originais e características diversas apresentavam a harmonia do ser humano com o material. A teologia que liberta o ser social, envolvido na realidade sócio-econômica, cultural e religiosa de cada pessoa, adota a análise marxista da sociedade, isto é, o materialismo histórico como método de análise. Só que o materialismo marxista não consegue ser apenas um método científico, uma forma ou um modelo sem conteúdo conceitual e seqüências materialistas práticas. Ele também é uma crença, pois todas as relações sociais e políticas, todos os sistemas religiosos e jurídicos, todas as concepções teóricas que aparecem na história, não se explicam senão pelas condições materiais de existência da época em questão.

Não é a consciência humana que determina o seu ser, mas o contrário. Pois são condições de existência social que determinam sua consciência. E essas condições determinantes são as de ordem material, as condições econômicas. As forças produtivas estão em permanente evolução. Em dados momentos, o desenvolvimento das forças produtivas materiais da sociedade entram em conflito com as relações de produção existentes, ou seja, com as forças de propriedade, dentro das quais até então tais forças tinham trabalhado. Aqui encontramos a revolução. Uma mudança profunda precisa ser operada na sociedade. Inclusive no mundo da Teologia humana.

É isso aí!

Acácio.

Fonte: RANGEL, Paschoal. Juizo Crítico e Busca de Caminhos. ED. O lutador.

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 24/08/2011
Código do texto: T3179574
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