As areias de Ibiraci

Não adianta procurar na internet por areia de Ibiraci, a rede não pode responder, não consta por ali nada que remeta à cor da areia de Ibiraci. De modo que preciso mescrever para tirar da tela da cabeça a imagem que tomou meu o tempo das mãos diante de um edifício em construção. Parei diante de uma montanha que mais parecia um iceberg amarelo. Sobre a encosta tinha desabado parte do cume e, ao longo da queda, desenhado linhas parecidas com aquela que se vê em fotos de dunas no deserto. Pronto. Parei, e o tempo. Com o dedo indicador brinquei de redesenhar aquele mundo monocromático, pensava no Clile, em Machu Picchu, nos movimentos de libertação movidos pelo comércio de coca. E não pensava em nada. Pensar diante daquela montanha amarela era não pensar e a cor invadia meus sentidos, era só cor, linhas e mundos que desmoronavam diante do menor toque. Mas o que é o mundo, um instante da criação. E o que é Ibiraci, Se Deus escreve certo por linhas tortas deve ter começado a escrever seu texto nessas areias tendo diante dos olhos cumes amarelos desabando sobre a cordilheira de sua criação.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 09/08/2011
Reeditado em 06/09/2011
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